NASA deve decidir em 2019 se enviará drone à superfície da lua Titã
Por Patricia Gnipper |
Durante a missão Cassini, que estudou Saturno e suas luas de pertinho em 2017, a NASA aprendeu um pouco mais sobre a curiosa lua Titã. A sonda Huygens, parceira da Cassini, foi criada pela ESA (a agência espacial europeia) e fez um exame minucioso das nuvens que recobrem o satélite natural, rendendo 153 minutos de transmissão — tempo suficiente para enviar dados atmosféricos e imagens de sua superfície.
A sonda, então, descobriu que Titã era um mundo ainda mais estranho do que imaginávamos, mas bizarramente familiar, por abrigar terrenos montanhosos e lagos (ainda que os lagos, por lá, não sejam compostos de água, mas sim de metano em estado líquido). Quase 2% da superfície da lua é líquida, com a temperatura superficial por lá sendo de 180 graus negativos. A essa temperatura, o metano da superfície se evapora e, então, suas moléculas são partidas com os raios solares que atingem a atmosfera, produzindo, portanto, o etano. Por isso, chove etano em Titã.
Sendo assim, por ser gelada, com montanhas, lagos de metano, chuva de etano e ter uma atmosfera mais densa do que a da Terra, Titã é um mundo curioso, repleto de descobertas a serem feitas. E, por isso, uma equipe de cientistas da NASA vem trabalhando na missão chamada Dragonfly, com o objetivo de usar a tecnologia de drones equipados com instrumentos científicos, em um misto de drone com robô exploratório, para investigar as complexas reações químicas que acontecem nesta que é a maior lua de Saturno e segunda maior do Sistema Solar.
A agência espacial dos EUA deverá decidir, ainda em 2019, se a missão Dragonfly sairá mesmo do papel, ou se acabará escolhendo um projeto também em estudo, que visa a coleta de amostras de um cometa. Se a Dragonfly for escolhida em 2019, a nave seria lançada em 2025 e chegaria a Titã em 2034. É verdade que a Cassini nos proporcionou novas descobertas sobre a lua de Saturno, e que a Huygens chegou a pousar por lá, fornecendo imagens sem precedentes. Contudo, a Cassini não conseguiu uma boa visão de sua superfície, e a Huygens durou por algumas horas, sem a capacidade de se mover pelo solo.
Então, a Dragonfly, por contar com a tecnologia de drones, poderá explorar dezenas de locais ao longo de dois anos terrestres, o que nos daria muito mais informações (e fotos incríveis) do que conseguimos obter até então. Ainda, os cientistas sabem que Titã abriga uma grande quantidade de compostos orgânicos, mas nem Cassini nem Huygens conseguiram coletar dados suficientes para esclarecer os detalhes da química do planeta. A sonda da Dragonfly, então, seria capaz de identificar compostos orgânicos de maneira precisa, para determinar quão próximas essas moléculas "titânicas" seriam das encontradas na Terra.
Em dezembro, a equipe da Dragonfly entregou um relatório conceitual detalhado à NASA, e aguardam a decisão da agência espacial até o final do primeiro semestre de 2019.
Fonte: Space.com