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Missão Gaia encontra par de buracos negros "diferentões"

Por| Editado por Patricia Gnipper | 31 de Março de 2023 às 16h26

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NASA/CXC/A.Hobart
NASA/CXC/A.Hobart

Dois fortes candidatos a buracos negros, pertencentes a um novo tipo, foram encontrados pela missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA). Chamados Gaia BH1 e BH2, eles ficam a 1.560 e 3.800 anos-luz de nós, respectivamente, o que significa que estão mais próximos da Terra do que qualquer outro buraco negro conhecido.

Como buracos negros são extremamente massivos, a gravidade deles é tamanha que nem mesmo a luz consegue escapar. Para encontrá-los em meio à escuridão do espaço, cientistas procuram por pistas da existência desses objetos, como disparos energéticos "estranhos" em meio ao nada. Entre essas pistas, estão emissões de luz em raios X e ondas de rádio, provenientes da matéria que porventura é "engolida" por buracos negros.

Já no caso da dupla recém-descoberta, o que entregou sua existência foi o movimento de estrelas ao redor deles. Os cientistas observaram uma oscilação intrigante no movimento de ambas, sugerindo que elas poderiam estar orbitando algum objeto muito massivo, porém invisível aos "olhos" do observatório espacial. Isso descarta a possibilidade de serem estrelas binárias, já que não havia luz alguma sendo emitida dali. Restou, então, a possibilidade de serem buracos negros.

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Só que, até então, todos os buracos negros já descobertos e confirmados foram encontrados por causa da luz emitida após esses objetos atraírem matéria em sua direção. Já nos "irmãos" BH1 e BH2 não há nenhum tipo de luz, visível ou invisível, sendo que eles permaneceriam indetectáveis para nós se não tivessem uma estrela ao redor de cada. Essas estrelas ficam bastante distantes dos buracos negros e com órbitas longas, muito maiores do que em qualquer outro sistema binário de buraco negro com estrela conhecido.

Duplas de estrelas e buracos negros próximos entre si são chamados de “binários de raios X” e, como são luminosos em raios X e ondas de rádio, é mais fácil encontrá-los. Por outro lado, os objetos da vez sugerem que buracos negros praticamente indetectáveis e sendo orbitados por estrelas em órbitas longas podem ser até comuns pelo universo.

A existência do buraco negro Gaia BH1 já havia sido sugerida em um estudo recente e, agora, o Gaia revela a existência de seu "colega". Ambos parecem ser quase dez vezes mais massivos que o Sol. O movimento de BH2 e da estrela que o orbita aparecem na animação abaixo:

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“O que difere este novo grupo de buracos negros dos que já conhecemos é a grande distância de suas estrelas vizinhas”, explicou Kareem El-Badry, cientista que os descobriu. “Eles provavelmente têm um histórico de formação completamente diferente dos binários de raios X”, acrescentou. “Essa descoberta significa que devemos adaptar nossas teorias sobre a evolução de sistemas binários de estrelas com buracos negros, já que não está claro como eles se formam”, conclui.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: ESA