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Missão europeia que estuda exoplanetas revela um dos mais quentes já descobertos

Por| 28 de Setembro de 2020 às 15h15

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ESA
ESA

O satélite Characterising Exoplanet Satellite (CHEOPS) foi lançado em dezembro de 2019 pela Agência Espacial Europeia (ESA) para estudar exoplanetas. O satélite iniciou suas atividades neste ano, e os primeiros resultados da missão foram publicados nesta segunda-feira (28): eles revelaram a descoberta do exoplaneta WASP-189 b, um dos mais quentes e extremos já conhecidos.

Este mundo é um “Júpiter ultraquente”, ou seja, é um planeta gigante gasoso parecido com Júpiter, mas que tem órbita bem próxima de sua estrela e atinge temperaturas extremas. Assim, o WASP-189 b está 20 vezes mais perto de sua estrela do que a Terra está em relação ao Sol, e tem período orbital de apenas 2,7 dias. A estrela parece ter brilho azul, é maior que o nosso Sol e são 2.000ºC mais quente que o Sol. “Somente alguns planetas existem à volta de estrelas quentes assim, e esse sistema é, de longe, um dos mais brilhantes”, diz Monika Lendl, da Universidade de Genebra, na Suíça, principal autora do estudo. Ela comenta também que o exoplaneta é o Júpiter quente mais brilhante já observado conforme passa à frente ou por trás de sua estrela, o que torna todo o sistema bastante intrigante.

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Monika e seus colegas utilizaram o Cheops para observar o WASP-189 b durante sua ocultação, ou seja, quando passava por trás da estrela. Eles notaram que há uma redução notável na luz que o sistema emite quando ele sai de vista rapidamente e utilizaram essas informações para medir o brilho do planeta. Eles restringiram a temperatura dele a 3200 °C, o que o torna inabitável. Depois, o Cheops observou o trânsito do WASP-189 b quando passou diante da estrela e, assim, a equipe descobriu que o WASP-189 b tem 1,6 do raio de Júpiter, e é maior que esperavam.

Outra característica curiosa do sistema é a própria estrela: Monika explica que ela não é perfeitamente redonda e é maior e mais fria na região do equador do que nos pólos, o que faz com que eles pareçam ser mais brilhantes. Além disso, a órbita do WASP-189 b é inclinada, de modo que ele não se move em volta do equador, mas se aproxima dos polos da estrela. Uma possível causa para esta órbita estaria na formação do planeta: ele teria se formado mais externamente e foi “empurrado” para o interior depois. Geralmente, isso acontece quando os planetas em um sistema disputam posições ou sofrem perturbações por influências externas, que os movem para órbitas inclinadas. “Com medidas da inclinação feitas pelo Cheops, o WASP-189 b parece ter passado por interações assim”, diz Monika.

Milhares de exoplanetas já foram descobertos nas últimas décadas e ainda existem muitos por vir. "O Cheops tem um papel único de 'acompanhamento' nos estudos de exoplanetas assim", adiciona Kate Isaak, cientista de projeto do Cheops na ESA. "Ele vai buscar trânsitos de planetas que foram descobertos no solo, e, onde for possível, vai medir os tamanhos dos planetas que já sabemos que transitam suas estrelas”. Para os próximos passos, o Cheops vai construir e estender que já foi feito para o WASP-189 b para outras centenas de planetas já conhecidos. Esta missão tem grande potencial para descobertas: “o Cheops não vai apenas aprofundar nossa compreensão dos exoplanetas, mas também da Terra, Sistema Solar e do ambiente cósmico”, finaliza ela.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

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Fonte: ESA