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Meteoritos indicam que o Sistema Solar primordial tinha uma "lacuna"

Por| Editado por Patricia Gnipper | 18 de Outubro de 2021 às 14h05

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NAOJ
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A teoria mais aceita para explicar a formação do Sistema Solar descreve que nosso “quintal espacial” veio de um disco protoplanetário, formado por gás e poeira, que girava em torno do Sol jovem. Chegou um momento em que esse disco colapsou sobre sua estrutura e, assim, formou os planetas que conhecemos hoje. Agora, um novo estudo realizado por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology indica que esse disco tinha um espaço em seu interior — e essa lacuna ficava onde, hoje, está o Cinturão de Asteroides.

Benjamin Weiss, um dos autores do estudo, explica que as observações realizadas na última década vêm mostrando que essas lacunas são comuns nos discos ao redor de outras estrelas jovens. “Elas são importantes, mas são assinaturas muito pouco compreendidas sobre os processos físicos pelos quais o gás e a poeira se transformam em jovens sóis e planetas”, explicou. 

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Ainda não se sabe bem o porquê de uma abertura dessas ter ocorrido no Sistema Solar. Uma possível explicação sugere que, enquanto Júpiter se formava, a imensa força gravitacional do planeta tenha “empurrado” o gás e poeira para fora do disco, criando uma lacuna nele. Outra possibilidade envolve uma característica mostrada por meteoritos que vieram para a Terra — essas rochas se formaram em diferentes momentos e lugares, e aqueles que foram analisados mostraram uma de duas combinações isotópicas. 

Os meteoritos raramente mostram ambas e, por isso, formam um enigma chamado “dicotomia isotópica”, que talvez seja o resultado da lacuna em questão. É aqui que entra o estudo de Weiss e de seus colegas: eles analisam meteoritos em busca de sinais de antigos campos magnéticos e coletam medidas dos côndrulos, grãos de poeira antiga que podem permitir a identificação de campos magnéticos antigos, nos quais se formaram. Antes, o grupo analisou amostras de um dos dois grupos isotópicos de meteoritos conhecidos como “não carbonáceos”, rochas consideradas como lembranças físicas do Sistema Solar primordial. 

O grupo de Weiss já havia identificado um campo magnético antigo nas amostras desta região e, no novo estudo, eles investigaram se o campo magnético poderia ser do mesmo do grupo de meteoritos carbonáceos — devido à composição, estes meteoritos são considerados objetos que se formaram em lugares ainda mais distantes no Sistema Solar. Para isso, eles estudaram côndrulos de meteoritos carbonáceos descobertos na Antártida e coletaram medidas do campo magnético deles. Como resultado, descobriram que a força do campo era mais forte que aquela de meteoritos não carbonáceos de formação mais próxima.

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Conforme os sistemas planetários se formam, os cientistas esperam que a força do campo magnético diminua de acordo com a distância do Sol. Por outro lado, os autores descobriram que os côndrulos mais distantes tinham campo magnético mais forte quando comparado àqueles dos côndrulos mais próximos. Os campos magnéticos dos sistemas planetários medem a taxa de acreção, ou seja, a quantidade de gás e poeira que pode ser levada ao centro ao longo do tempo, e o campo magnético dos côndrulos carbonáceos sugere que a região externa do Sistema Solar teria que acumular mais massa que a interna. 

Então, as simulações mostraram que a explicação mais provável para as diferenças nas taxas de acreção é a lacuna entre as regiões internas e externas. Essas diferenças podem ter reduzido a quantidade de gás e poeira indo das regiões mais externas em direção ao Sol. “As lacunas são comuns nos sistemas protoplanetários, e agora mostramos que tivemos uma dessas no nosso próprio sistema”, explicou Borlina. “Isso responde a essa dicotomia estranha que vemos nos meteoritos, e evidencia que as lacunas afetam a composição dos planetas”, comentou.  

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Direct.

Fonte: MIT News