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Longas viagens ao espaço podem elevar risco de danos cerebrais, aponta estudo

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Outubro de 2021 às 09h53

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cookelma/Envato
cookelma/Envato

Longe de consensos, a ciência ainda investiga os potenciais impactos à saúde após longas viagens ao espaço. Agora, uma equipe de pesquisadores — incluindo membros da Universidade de Gotemburgo, na Suécia — e cosmonautas descobriu que as temporadas sob o efeito da microgravidade podem, potencialmente, causar danos cerebrais.

Publicado na plataforma JAMA Neurology, o estudo investigou os efeitos das viagens espaciais em cinco cosmonautas, que permaneceram na Estação Espacial Internacional (ISS), através de amostras de sangue coletadas em diferentes momentos. Em média, cada um dos participantes da pesquisa passou 169 dias em órbita — aproximadamente, cinco meses e meio. Após análise das amostras, os cientistas observaram concentrações elevadas de três biomarcadores ligados a danos cerebrais.

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Até então, outros efeitos adversos das viagens espaciais no organismo humano eram conhecidos, como atrofia dos músculos, diminuição da massa óssea, deterioração da visão e alteração da flora bacteriana no intestino. No entanto, esta é a primeira evidência relacionada ao cérebro.

"Esta é a primeira vez que uma prova concreta de dano às células cerebrais foi documentada em exames de sangue após voos espaciais", explicou o neurocientista Henrik Zetterberg  da Universidade de Gotemburgo. "Isso deve ser explorado mais a fundo e evitado para que as viagens espaciais se tornem mais comuns no futuro", aponta.

No estudo, os cientistas acompanharam cinco cosmonautas, do sexo masculino, com idade média de 49 anos. As amostras de sangue foram coletadas em quatro momentos diferentes:  20 dias antes da viagem para a ISS; um dia após retornar à Terra; uma semana após a volta; e três semanas depois do retorno.

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Os biomarcadores que o estudo analisou foram: luz de neurofilamento (NFL); proteína glial fibrilar ácida (GFAP); proteína total tau (T-tau); e duas proteínas beta-amiloides. Desses marcadores, três —  NFL, GFAP e a proteína beta amilóide Aβ40 — estavam em concentrações significativamente aumentadas após a estada na ISS.

Até agora, os pesquisadores não conseguiram identificar como os cérebros dos cosmonautas foram afetados pela viagem e nem têm certeza se ainda permanecem assim. Por outro lado, os três biomarcadores estão relacionados com distúrbios neurológicos. Inclusive, outras pesquisas já os relacionaram com danos cerebrais. Então, é possível que os efeitos só se manifestem no futuro.

Por enquanto, a pesquisa ainda está em um estágio inicial e, agora, mais dados de outros viajantes serão necessários para descobrir exatamente como e de qual forma o tempo no espaço afeta negativamente o cérebro. "Se pudermos descobrir o que causa o dano, os biomarcadores que observamos podem nos ajudar a descobrir a melhor forma de remediar o problema", aposta Zetterberg.

Para ilustrar os efeitos iniciais dessas viagens, Zetterberg os compara como uma concussão — uma lesão cerebral que é causada por uma forte pancada na cabeça, como um soco. No entanto, o cientista afirma que o impacto "não é como um grande traumatismo cranioencefálico ou algo parecido".

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Para acessar o artigo completo sobre a alteração de biomarcadores em longas viagens espaciais, publicado na plataforma científica JAMA Neurology, clique aqui.

Fonte: Science Alert, Space e Universidade de Gotemburgo