James Webb revela mistérios de "fábrica estelar" em galáxia próxima
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Novos dados capturados pelo telescópio James Webb permitiram que os astrônomos dessem uma espiadinha em NGC 346, um aglomerado estelar no interior da Pequena Nuvem de Magalhães. Com o instrumento NIRCam, o telescópio revelou “bolsões” de formação estelar nunca vistos antes.
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Localizada a cerca de 200 mil anos-luz da Via Láctea, a Pequena Nuvem de Magalhães é uma galáxia-satélite da nossa com baixa concentração de metais, elementos mais pesados que o hidrogênio ou hélio. Como a poeira no espaço é composta principalmente por metais, os cientistas esperavam que ali houvesse baixa quantidade de poeira, e que ela fosse de difícil detecção.
As condições e quantidade de metais da galáxia são semelhantes àquelas observadas em outras durante o “amanhecer cósmico” há bilhões de anos, quando a formação de estrelas acontecia a todo vapor. “Uma galáxia durante o amanhecer cósmico não teria uma NGC 346 como a Pequena Nuvem de Magalhães, mas sim milhares de regiões de formação estelar”, disse a astrônoma Margaret Meixner.
Ela acrescentou que, mesmo que NGC 346 seja o único aglomerado estelar massivo formando estrelas em sua galáxia, ele representa uma ótima oportunidade para estudos das condições presentes no amanhecer cósmico. Assim, ao estudar as protoestrelas em formação, os pesquisadores podem descobrir se os processos de formação estelar da galáxia-satélite são diferentes daqueles observados na Via Láctea.
É aqui que entram as novas observações de NGC 346: enquanto estudos anteriores foram direcionados às protoestrelas com até oito vezes a massa do Sol, os pesquisadores usaram o Webb para investigar aquelas mais leves, com apenas 10% da massa do nosso astro, para entender se o processo de formação é afetado pela menor quantidade de metais ali. Pela primeira vez, o telescópio revelou poeira no disco que alimenta a protoestrela em desenvolvimento.
Guido De Marchi, coinvestigador da equipe de pesquisadores, descreve que eles observaram os blocos construtores não somente das estrelas, mas também dos planetas. “E como a Pequena Nuvem de Magalhães tem um ambiente similar àquele das galáxias durante o amanhecer cósmico, é possível que os planetas rochosos tenham se formado ainda mais cedo na história do universo do que pensávamos”, finalizou.
Os resultados foram apresentados em uma conferência durante o 241º encontro da Sociedade Astronômica Americana.
Fonte: Webb