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Internet cósmica pode ser criada através de lentes gravitacionais, sugere estudo

Por| Editado por Patricia Gnipper | 25 de Março de 2021 às 10h20

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NASA
NASA

Observar outros sistemas estelares de pertinho é provavelmente o sonho de muitos astrônomos, mas nossa tecnologia atual permite apenas um vislumbre desses mundos distantes. Apesar de ainda não sermos capazes de alcançar outras estrelas, há propostas interessantes para enviar naves a destinos como Alpha Centauri. Mas como nos comunicar com elas? Bem, um novo estudo sugere usar e ondas de rádio e lentes gravitacionais.

Nossas espaçonaves atuais podem viajar para a Lua e outros planetas vizinhos, mas ainda não são capazes de visitar outros sistemas estelares, por uma série de motivos que incluem o peso dos veículos e o combustível necessário. A solução pode estar nas velas solares, por exemplo, ou até mesmo em futuras tecnologias de dobra espacial. Mas tais viagens de nada adiantariam se não pudermos nos comunicar com essas naves.

Uma proposta interessante envolve o uso de ondas de rádio para transmissão de dados entre as naves e a Terra. Essa é a maneira com que as agências espaciais como a NASA e ESA se comunicam com suas naves na Lua ou em Marte, mas se decidirmos receber e enviar sinais de rádio para um veículo a anos-luz de distância, levará anos para cada pacote de dados ser transmitido — e ainda correríamos o risco de ter a transmissão interrompida, já que as ondas de rádio enfraquecem à medida que se afastam da fonte transmissora.

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Consideremos, por exemplo, o sistema Alpha Centauri, que é o mais próximo da Terra, localizado a 4,37 anos-luz de distância de nós; levaria 4,37 anos para que a nave recebesse um sinal da Terra e, consequentemente, 8,74 anos para recebermos uma resposta do veículo interestelar. Essa distância implica em sérios riscos de ter uma transmissão interrompida, principalmente porque as ondas de rádio são muito longas e enfraquecem a uma distância relativamente pequena. A solução para isso, de acordo com o pesquisador italiano Claudio Maccone, do SETI, é focar essas ondas em uma lente gravitacional gerada por uma estrela, como o Sol, por exemplo.

Lentes gravitacionais são um fenômeno previsto por Albert Einstein em sua Teoria da Relatividade Geral, e podem acontecer em vários contextos. Para resumir, objetos cósmicos muito massivos, como estrelas, são capazes de distorcer o espaço seu redor, o que resulta em um efeito semelhante à lente de uma lupa. Isso amplia a luz dos objetos por trás da lente, por isso os astrônomos utilizam esses fenômenos para estudar estrelas e galáxias muito distantes que, de outra maneira, seria muito mais difícil de observar.

Na proposta de Maccone, os sinais de rádio podem ser focalizados pelas lentes gravitacionais criadas pela gravidade do Sol ou de estrelas próximas, como Alpha Centauri e Bernard’s Star. Quando o espaço é distorcido ao redor das estrelas, a luz que passa perto da mesma região tende a ser submetida ao efeito das lentes gravitacionais. Isso talvez permita que uma onda de rádio seja focalizada, permitindo criar uma conexão entre a Terra e uma nave que estrela do lado oposto da estrela que criou a lente gravitacional.

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Essa conexão, por sua vez, poderia permitir uma “internet interestelar”, de acordo com o artigo publicado por Maccone. A taxa de dados em uma transmissão desse tipo, segundo os cálculos demonstrados pelo pesquisador, poderia ser de alguns kilobits/segundo, algo próximo à velocidade de conexão que era fornecida pela internet discada na década de 1990. Ainda não é como uma banda larga, mas já seria o suficiente para transmitir alguns dados de telemetria, imagens, entre outros. O mais importante de tudo é que as lentes gravitacionais funcionariam como uma antena de retransmissão gigantesca, permitindo que os sinais viajem longas distâncias antes de começar a enfraquecer.

Claro, tudo ainda não passa de hipóteses. Por mais que os cálculos pareçam fazer sentido, a proposta ainda está longe de ser testada em algum experimento. Mas quem sabe? A ideia de uma internet interestelar parece algo não apenas interessante, mas fundamental se quisermos conquistar outros sistemas estelares e expandir nosso conhecimento sobre o universo, então estudos como este são mais que bem-vindos.

Fonte: Universe Today