Hemisfério norte de Marte pode ter abrigado oceano há 3 bilhões de anos
Por Wyllian Torres | Editado por Patricia Gnipper | 18 de Janeiro de 2022 às 11h15
O hemisfério norte de Marte pode ter abrigado um oceano de água líquida há de 3 bilhões de anos, segundo estudo conduzido pela Université Paris-Saclay. A pesquisa também sugere que esta porção de água permaneceu mesmo quando a temperatura média do planeta estava abaixo do ponto de congelamento.
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O novo estudo realizou simulações climáticas em 3D da antiga atmosfera marciana e de sua água. Os resultados sugerem que um oceano de água líquida existiu ao norte do planeta, mesmo em condições de baixas temperaturas.
Hoje, Marte é um mundo frio e seco, mas muitas evidências indicam que, em seu passado distante, ele era coberto de rios e lagos. Se a vida como a conhecemos depende da água, alguns cientistas acreditam que o Planeta Vermelho já a abrigou.
É provável que Terra e Marte tenham compartilhado climas semelhantes há 3 bilhões de anos, mas ainda há um debate se Marte tinha a temperatura adequada para abrigar um oceano de água líquida.
Oceano líquido ao norte de Marte
O novo estudo contraria pesquisas anteriores sobre Marte, as quais sugeriam que o planeta não poderia ter um oceano há 3 bilhões de anos. Os rios marcianos com esta idade sugerem a ausência de chuva esperada em um mundo quente e úmido.
No entanto, os pesquisadores acreditam que um oceano ao norte do planeta existiu porque padrões de circulação oceânica teriam aquecido aquela região em até 4,5 °C, mais do que suficiente para manter a água em estado líquido.
Este oceano ao norte, segundo os autores, poderia ter chuvas moderadas ao longo de sua extensão e até mesmo próximo às áreas costeiras. Além disso, as geleiras localizadas ao sul de Marte também poderiam ser outra fonte de água.
Outro fator favorável ao oceano seria a atmosfera marciana, que, há 3 bilhões de anos, era formada por até 10% de hidrogênio e 10% de dióxido de carbono. A combinação teria sido suficiente para manter a temperatura quente o bastante para manter a água líquida.
O cientista planetário Frédéric Schmidt explicou que o estudo avaliou as condições em que a vida poderia aparecer, mas ainda não há como saber se este oceano teria suportado ela. Para isso, é necessário aguardar as novas missões ao Planeta Vermelho, como a ExoMars e a Mars Ice Mapper.
O estudo foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.