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Grande molécula orgânica é identificada em disco de formação planetária

Por| Editado por Patricia Gnipper | 08 de Março de 2022 às 14h10

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ALMA/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.
ALMA/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.

O éter dimetílico, um composto precursor de grandes moléculas orgânicas capazes de dar origem à vida, foi detectado pela primeira vez em um disco de formação planetária. A detecção do éter dimetílico (considerada a maior molécula já identificada em estruturas do tipo), foi realizada por uma equipe de pesquisadores do Leiden Observatory, na Holanda.

Apesar de ser considerada uma molécula orgânica comum em nuvens formadoras de estrelas, o éter dimetílico ainda não havia sido encontrado nos discos de formação planetária. Além desta molécula, os pesquisadores também conseguiram uma detecção provisória do formato de metila, uma molécula complexa parecida com o éter dimetílico que também é considerada um bloco construtor de moléculas maiores.

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As moléculas foram identificadas no disco de formação planetária ao redor da estrela IRS 48, com o telescópio ALMA. Localizada a 444 anos-luz na constelação de Ophiuchus, a estrela IRS 48 foi objeto de diversos estudos porque, ao redor dela, há um disco de formação planetária com formato assimétrico, parecido com o da castanha de caju. Provavelmente, essa região foi formada como resultado em um planeta recém-nascido ou de alguma pequena estrela entre a IRS 48 e a estrutura de poeira.

Ali, há abundância de grãos de poeira que, juntos, se unem e formam grandes objetos, como cometas, asteroides e até planetas. Entretanto, os pesquisadores descobriram que a “armadilha de poeira” (o nome dado à região assimétrica do disco) é também uma reserva congelada, que guarda grãos de poeira cobertos por gelo rico em moléculas complexas. Foi ali que o ALMA identificou sinais da molécula do éter dimetílico: através da sublimação, as moléculas presas nas nuvens congeladas são liberadas e podem ser detectadas.

A importância da descoberta das moléculas orgânicas

Alice Booth, coautora do estudo, ficou surpresa com a descoberta. “É muito empolgante poder finalmente detectar essas grandes moléculas nos discos”, disse, destacando que, durante algum tempo, os pesquisadores acreditavam que não seria possível encontrá-las. “O que torna isso ainda mais empolgante é que, agora, sabemos que essas moléculas complexas maiores estão livres para alimentar planetas em formação”, explicou.

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A descoberta do éter dimetílico sugere que outras várias moléculas complexas comuns em regiões de formação estelar podem também estar presentes nas estruturas dos discos que formam planetas. “Com esses resultados, podemos aprender mais sobre a origem da vida no nosso planeta e, portanto, entender melhor o potencial para o surgimento desta em outros sistemas planetários”, disse Nashanty Brunken, autora principal do estudo.

Assim, através de estudos da formação e evolução dessas moléculas, os pesquisadores podem entender melhor como elas chegam aos planetas — inclusive na Terra. “Estamos maravilhados por poder começar a seguir a jornada inteira dessas moléculas, desde as nuvens que formam as estrelas até os discos formadores de planetas e cometas”, destacou Nienke van der Marel, coautor do estudo. “Esperamos que, com mais observações, possamos ficar um passo mais próximos de entender as origens das moléculas prebióticas no Sistema Solar”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

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Fonte: Astronomy & Astrophysics; Via: ESO