Grande Mancha Vermelha de Júpiter é mais complexa do que se pensava
Por Daniele Cavalcante • Editado por Luciana Zaramela |
Novas estruturas e atividades na atmosfera de Júpiter foram detectadas pelo telescópio James Webb, especificamente sobre a Grande Mancha Vermelha. As características observadas parecem ser causadas por algo chamado “ondas de gravidade atmosféricas”.
A Grande Mancha Vermelha, facilmente observável com telescópios caseiros de médio porte, é a maior tempestade do Sistema Solar. Ela está ativa há pelo menos 300 anos e diversos estudos já foram realizados, mas ainda há surpresas reservadas para os astrônomos.
"Nós pensamos, talvez ingenuamente, que esta região seria realmente chata", afirmou Henrik Melin, líder da equipe da Universidade de Leicester, que publicou o novo estudo na revista Nature Astronomy. "Mas, na verdade, é tão fascinante quanto as auroras, se não mais. Júpiter continua a nos surpreender", declarou.
Os dados do Webb revelaram que a atmosfera superior na área da Grande Mancha contém uma variedade de estruturas intrincadas, como arcos escuros e pontos brilhantes, em todo o campo de visão. Os cientistas acreditam que algo além da luz solar estaria influenciando essas camadas de Júpiter.
A proposta da equipe é que essas estruturas sejam alteradas por ondas de gravidade atmosféricas (não confundir com as ondas gravitacionais produzidas por eventos cósmicos). Elas também ocorrem na Terra, mas com intensidade muito menor comparadas às de Júpiter.
"Essas ondas são geradas nas camadas inferiores e turbulentas da atmosfera, próximas à Grande Mancha Vermelha, e podem se propagar em altitudes maiores, alterando a estrutura e as emissões da atmosfera superior”, explicou Melin.
Os autores planejam novas observações com o Webb para saber como essas ondas se movem dentro da atmosfera superior de Júpiter. Além disso, eles esperam compreender melhor de onde vem e para onde vai a energia da tempestade na Grande Mancha Vermelha.