Publicidade

Exoplanetas a 100 anos-luz da Terra orbitam sua estrela em sincronia

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

Compartilhe:
CC BY-NC-SA 4.0, Thibaut Roger/NCCR PlanetS
CC BY-NC-SA 4.0, Thibaut Roger/NCCR PlanetS

Um sistema planetário foi encontrado orbitando a estrela HD 110067 em harmonia a apenas 100 anos-luz da Terra. Este sistema é formado por seis mundos, e cada um se move ao redor da estrela acompanhando seus vizinhos. Além de ser interessante, esta característica indica que estes mundos tiveram uma existência relativamente tranquila e sem perturbações desde sua formação, há mais de um bilhão de anos.

Na verdade, o sistema foi encontrado em 2020 pelo telescópio Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA. Na época, astrônomos perceberam que existiam dois subnetunos ali, nome dado aos exoplanetas com pelo menos três vezes o tamanho da Terra e atmosferas extensas. Dois anos depois, o TESS observou a estrela novamente e os novos dados descartaram os anteriores.

Entretanto, os cientistas notaram algo estranho nos dados e ficaram intrigados. A resposta veio com o telescópio Cheops: havia um terceiro planeta no sistema, e todos estavam em ressonância orbital. O mais externo leva 20,519 dias para orbitar sua estrela, e seu período orbital equivale a quase 1,5 vez o do próximo planeta, de 13,673 dias. O número, por sua vez, equivale a 1,5 vez o período orbital do mais interno, de 9,114 dias.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Depois, eles previram outras ressonâncias orbitais e as combinaram aos dados que haviam ficado sem explicação, e descobriram os outros três planetas no sistema. Eles levam 30,79, 41,06 e 54,77 dias para orbitar a estrela. Portanto, os pares de exoplanetas têm ressonâncias de 3:2, 3:2, 3:2, 4:3 e 4:3 — ou, se preferir, considere que, a cada órbita dos planetas mais externos, o mais interno de todos completa seis ao redor da estrela.

Este é o terceiro sistema conhecido com seis exoplanetas na chamada cadeia de ressonância, e pode representar uma ótima oportunidade para astrônomos saberem mais sobre o fenômeno. “Consideramos que só 1% de todos os sistemas permanecem em ressonância”, disse Rafael Luque, coautor do estudo. “Ele nos mostra a configuração pura da configuração de um sistema planetário que sobreviveu intocada”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.

O que é ressonância orbital?

A ressonância orbital acontece quando dois corpos, que estão orbitando um terceiro, exercem influência gravitacional um no outro e alinham seus períodos orbitais. Este alinhamento não precisa ser exato e pode ser representado em proporções.

Para entender melhor, considere Plutão e Netuno, que estão em ressonância entre si: a cada 2 órbitas de Plutão ao redor do Sol, Netuno completa 3. Enquanto isso, algumas luas de Júpiter estão em cadeias de ressonância: para cada uma órbita de Ganimedes, Europa completa 2, e Io, 4. Então, elas estão em uma ressonância de 1:2:4.

Fonte: Nature; Via: ESA