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Exoplaneta que orbita dois "sóis" é confirmado por telescópio em solo

Por| Editado por Patricia Gnipper | 23 de Fevereiro de 2022 às 12h40

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NASA
NASA

O exoplaneta Kepler-16b, conhecido por orbitar duas estrelas (tal qual o planeta fictício Tatooine de Star Wars), foi observado pela primeira vez por um telescópio em solo. Até então, este mundo havia sido observado somente pelo telescópio espacial Kepler. O observatório utilizado desta vez fica no Observatoire de Haute-Provence, a cerca de 100 km de Marselha, na França e, segundo os autores do estudo, a detecção é uma demonstração da maior eficiência e menor custo envolvidos nas observações, em comparação com os telescópios no espaço.

Localizado a cerca de 245 anos-luz de nós, o Kepler-16b é um exoplaneta que orbita duas estrelas; enquanto isso, elas orbitam uma à outra em um sistema binário. Ele foi originalmente encontrado através do método do trânsito, em que os astrônomos acompanham pequenas mudanças no brilho das estrelas para identificar exoplanetas passando à frente delas e causando essas diminuições. Mas, desta vez, o telescópio francês confirmou o planeta de outra forma.

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Os autores do estudo trabalharam com o método da velocidade radial, em que observam mudanças na velocidade das estrelas conforme o planeta se move ao redor delas. A equipe, liderada pela University of Birmingham, acredita que esta foi uma demonstração importante de que é possível detectar planetas circumbinários (aqueles que orbitam duas estrelas) por métodos mais tradicionais — e, melhor ainda, com mais eficiência e menores custos em comparação com telescópios espaciais.

Após demonstrar o método com o Kepler-16b, a equipe planeja continuar em busca de planetas circumbinários desconhecidos para, assim, tentar responder perguntas sobre como se formam. Normalmente, os planetas são formados no interior de discos protoplanetários, compostos por poeira e gás ao redor de uma estrela jovem. Entretanto, talvez este processo não possa acontecer nos sistemas circumbinários.

O que o Kepler-16b pode dizer sobre a formação planetária

Amaury Triaud, professor da University of Birmingham e líder da equipe do estudo, ressalta que esta explicação torna difícil o entendimento de como planetas circumbinários podem existir.

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“É por causa da presença das duas estrelas, que interferem com o disco protoplanetário, e isso evita que a poeira se acumule até formar planetas através da acreção”, explicou. Por isso, o Kepler-16b pode ter se formado longe de suas estrelas, onde a influência gravitacional delas é menor, e seguido mais para dentro do sistema depois.

Por outro lado, Triaud destaca que outra alternativa para entender suas origens é rever a compreensão dos processos de acreção planetária. “Os planetas circumbinários trazem algumas das pistas mais claras de que a migração causada pelo disco é um processo viável, e que ocorre regularmente”, disse David Martin, coautor do estudo e membro da Ohio State University (USA).

Já Isabelle Boisse, cientista responsável pelo instrumento utilizado para coletar os dados do planeta, destaca a importância da descoberta. “Nossa descoberta mostra como os telescópios em solo continuam inteiramente relevantes para a pesquisa moderna de exoplanetas, e podem ser usados para novos projetos interessantes”, observou ela. “Ao mostrar que conseguimos detectar o Kepler-16b, vamos agora analisar dados de outros sistemas binários em busca de novos planetas circumbinários”.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: University of Birmingham, Space.com