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Estudo com dados coletados em 1997 reforça hipótese de água em lua de Júpiter

Por| 14 de Maio de 2018 às 15h41

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Estudo com dados coletados em 1997 reforça hipótese de água em lua de Júpiter
Estudo com dados coletados em 1997 reforça hipótese de água em lua de Júpiter
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O congressista estadunidense John Culberson teve acesso a um estudo que ainda não havia sido publicado, que mostra dados trazidos ainda na década de 1990 pela missão Galileo. O documento, que estava em posse do periódico científico Nature Astronomy, foi divulgado pelo republicano como forma de argumentar a favor do financiamento da missão Europa Clipper, da NASA, que deve ocorrer nos próximos anos a fim de estudar mais de perto a lua Europa, de Júpiter. 

Durante uma reunião do subcomitê da Câmara na semana passada, um grupo de legisladores pré-aprovou uma nova lei de financiamento para a NASA, que fornecerá US$ 545 milhões para a missão Europa Clipper. Na reunião, John Culberson citou o estudo Nature Astronomy,  ainda sob embargo, como um grande motivo para financiar a missão Europa Clipper.

O estudo inédito traz evidências que Europa esteja vertendo jatos de água. Os dados foram coletados quando a sonda Galileu passou próxima de um gêiser, em 1997. Até a divulgação dessas informações, havia suspeitas de que haveria água abaixo da superfície de Europa, mas não havia nenhum tipo de indício que confirmaria essa hipótese além das fotografias distantes e não muito nítidas do telescópio espacial Hubble, feitas entre 2012 e 2016.

Esta descoberta da sonda Galileu, detalhada nessa segunda-feira (14) na Nature Astronomy, segundo o cientista planetário da Universidade de Michigan e principal autor do estudo, Xianzhe Jia, é a evidência mais forte que temos até agora de que de fato há água na lua gelada.

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A presença de água na Europa faz com que a lua de Júpiter seja um provável local do Sistema Solar, além da Terra, a abrigar vida. Acredita-se que os jatos de água venham de um oceano subterrâneo, abaixo da costa gelada da superfície de Europa. Se essa hipótese estiver correta, as missões para a lua de Júpiter se tornarão mais econômicas que o pensado inicialmente, uma vez que não será necessário aterrissar para perfurar a superfície do satélite natural e ter acesso ao material, bastando apenas voar próximo aos jatos líquidos.

A NASA planeja executar essa missão no início de 2020 e, para isso, está trabalhando em uma espaçonave robótica chamada Europa Clipper, que pretende voar ao redor dos gêiseres de Europa mais de 40 vezes, coletando materiais para posterior análise. Depois da divulgação dos dados da sonda Galileo, os cientistas estão mais confiantes: “Isso realmente sugere que o Clipper tem uma boa oportunidade de voar diretamente através de um jato e nos dizer muito mais sobre suas propriedades”, diz Jia.

Jia explicou que os achados do Hubble inspiraram a equipe a buscar dados da Galileo atrás de mais novidades. Lançada em 1989, a sonda explorou as luas de Júpiter entre 1995 e 2003, voando 11 vezes para coletar informações. Embora a sonda não estivesse procurando indícios da presença de água, foram feitas medições do campo magnético do satélite natural e coletaram dados sobre como as partículas se comportavam em torno da lua gelada.

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A equipe então encontrou dados estranhos na viagem que Galileo fez em 16 de dezembro de 1997: uma abrupta queda na força do campo magnético de Europa, que também parecia se dobrar e girar. Ao mesmo tempo, o espaço perto da lua possuia uma quantidade maior de partículas carregadas. Segundo Jia, nada semelhante foi mostrado nos dados dos outros voos de Galileo.

Com base nas imagens do Hubble, a equipe construiu um modelo computacional dos jatos de água de Europa, a fim de testar como a simulação interferiria no campo magnético da lua. O resultado foi bastante semelhante ao que foi registrado pela Galileo em 1997, dando à equipe a capacidade de calcular que o jato de água em questão teria cerca de mil quilômetros de espessura.

Além disso, a coleta de dados ocorreu em um ponto onde a temperatura é mais alta que no resto da lua, fazendo com que os cientistas acreditem que o aquecimento possa estar ligado à atividade dos gêiseres. Como a viagem que coletou esses dados foi a mais próxima já realizada, a cerca de 200 quilômetros de distância da superfície lunar, os cientistas acreditam que uma próxima sondagem deve chegar o mais perto possível de Europa.

E a boa notícia é que a Europa Clipper está sendo projetada para chegar ainda mais próxima do satélite natural que Galileo jamais chegou, atingindo cerca de 25 quilômetros da superfície de Europa.

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Fonte: The Verge