Estrela de nêutrons rara parece emitir sete tipos de pulsos diferentes
Por Danielle Cassita • Editado por Rafael Rigues |

Uma estrela de nêutrons recentemente detectada está emitindo sinais raros de rádio enquanto gira lentamente, completando uma rotação a cada 76 segundos. A estrela foi descoberta por uma equipe internacional liderada pela Dra. Manisha Caleb, da Universidade de Sydney, e fica em uma espécie de “cemitério”, onde não se esperava detectar pulsos do tipo.
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As estrelas de nêutrons são objetos extremamente densos deixados para trás após estrelas massivas explodirem em supernovas. Até o momento, os astrônomos já encontraram cerca de 3 mil delas em nossa galáxia, mas a estrela recém-descoberta parece ser especial: ela pode fazer parte dos magnetares de período ultra-longo, uma classe teórica composta por estrelas com campos magnéticos extremamente fortes.
A equipe do estudo a encontrou com o radiotelescópio MeerKAT, instalado na África do Sul. As detecções iniciais foram feitas a partir de um único pulso; depois, os autores conseguiram determinar a ocorrência de pulsos múltiplos através de imagens consecutivas do céu noturno, que permitiram também confirmar a posição da estrela.
Chamada PSR J0901-4046, a estrela parece ter pelo menos sete tipos diferentes de pulsos, sendo que alguns deles são altamente periódicos. Ainda, a estrela de nêutrons tem características dos pulsares, magnetares de período ultra-longo e até mesmo das misteriosas rajadas rápidas de rádio, que ocorrem em lugares aleatórios do céu.
Caleb ficou surpresa com a descoberta. “É fascinante detectarmos apenas emissões de rádio desta fonte durante 0,5% de seu período de rotação”, disse. “Isso significa que temos muita sorte pelo feixe de rádio ter cruzado com a Terra”, mencionou. Ela destacou também que é provável haver várias outras estrelas girando lentamente, o que traz implicações importantes para a compreensão de como elas nascem e evoluem.
A autora explicou que, no momento, a maioria dos levantamentos de pulsares não são voltados para objetos com períodos assim, de modo que não se sabe como a maioria destas estrelas foi formada. “Este é o início de uma nova classe de estrelas de nêutrons, e como elas se relacionam com outras é algo que ainda será explorado; provavelmente há muitas outras por aí, precisamos apenas procurar”, finalizou.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.
Fonte: Nature Astronomy; Via: University of Sydney