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Estrela antiga é encontrada em grupo de objetos jovens

Por| Editado por Patricia Gnipper | 27 de Julho de 2023 às 16h20

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Mark Garlick
Mark Garlick

Uma estrela muito antiga simplesmente invadiu um aglomerado de corpos estelares jovens, algo que os astrônomos não esperavam que pudesse acontecer. Os autores da descoberta propuseram que isso pode trazer implicações na compreensão da origem do Sistema Solar.

Aglomerados de estrelas são bastante comuns em nossa galáxia, e vários são compostos por objetos muito jovens próximos entre si. Um deles é o NGC 2264, também conhecido como Árvore de Natal. Além de jovens, essas estrelas estão envoltas em camadas de nuvens de gás e poeira que produzem novas estrelas.

Em um ambiente como esse, não se espera encontrar estrelas velhas, principalmente porque elas não deveriam ter órbita que cruzem o caminho de aglomerados como o NGC 2264. Mesmo assim, há uma estrela anciã se intrometendo por lá, intrigando os astrônomos e sugerindo que, talvez, isso ocorra com maior frequência. Afinal, é muito improvável que algo aconteça no universo somente uma vez.

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Segundo as medições de cor e brilho da invasora pelo satélite Gaia, ela é uma estrela Assintótica do Ramo Gigante (AGB), uma fase que ocorre com todas as estrelas entre 0,6 e 10 massas solares (incluindo o próprio Sol) no fim de suas vidas. A fase AGB vem após esses objetos passarem pela fase de gigante vermelha.

A descoberta traz algumas implicações, como a possibilidade de os astrônomos terem que atualizar seus conhecimentos sobre as jornadas que as estrelas fazem ao longo de suas vidas. Outra é que esse tipo de invasão poderia explicar como nosso Sistema Solar foi enriquecido com certos isótopos de elementos, como o alumínio-26 e o ferro-60, durante a formação do Sol.

Os dois isótopos são formados por eventos como explosões de supernova e até por anãs brancas, mas as estrelas AGB também são frequentemente associadas a esses elementos. Por isso, há cerca de 30 anos, alguns estudos propuseram que a quantidade de ambos encontrada no Sistema Solar teria sido capturada pelo Sol quando uma AGB invadiu o grupo estelar no qual nosso astro se formou.

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Desde então, ninguém mais trabalhou com essa possibilidade; os estudos atualmente dão preferência à hipótese de que os dois isótopos foram arremessados em direção ao Sol por uma explosão de supernova, justamente porque os cientistas não esperavam que tal invasão de AGB pudesse acontecer. A nova descoberta pode mudar todo esse cenário.

Para ter certeza de que isso poderia mesmo explicar a presença desses elementos no Sistema Solar, a equipe usou simulações de computador para calcular com precisão quanto deles poderia ser capturado de uma AGB quando ele estava se formando — e o resultado parece consistente com os níveis medidos dos isótopos observados no Sistema Solar.

Richard Parker, astrofísico da Universidade de Sheffield e líder da equipe, disse que ficou “surpreso com o resultado”, mas “muito satisfeito em trazer a ideia de enriquecimento com AGB de volta à literatura”. A equipe agora pretende procurar outros casos semelhantes para determinar o quão comum é esse tipo de invasão.

A pesquisa da equipe foi publicada no Astrophysical Journal Letters.

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Fonte: Universidade de Sheffiled, Space.com