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Este cometa está explodindo — e talvez você consiga observá-lo

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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NASA/JPL-Caltech/D. Cruikshank/J. Stansberry
NASA/JPL-Caltech/D. Cruikshank/J. Stansberry

O 29P/Schwassmann–Wachmann não é um cometa como outro qualquer. Além de sua órbita estar fixa em uma região bem mais próxima de nós em comparação com cometas do Cinturão de Kuiper, por exemplo, ele ostenta outra característica no lugar da clássica cauda: uma explosão vulcânica! E você pode observar esse fenômeno impressionante nesta madrugada, se tiver um telescópio simples na sua casa.

Descoberto em 15 de novembro de 1927, o cometa 29P é bem incomum porque, às vezes, sofre uma explosão de voláteis congelados em seu interior. Isso faz com que sua magnitude, que normalmente fica entre 16 a 18, salte até a 10ª grandeza (quando menor o número da magnitude, maior é o brilho no céu noturno). Para fins de comparação, a magnitude 10 é o limite típico dos binóculos astronômicos (7x50), ou seja, se tivermos sorte, o cometa pode ser visível até mesmo com um desses pequenos instrumentos.

Essa explosão acontece com uma frequência de 7 vezes ao ano, aproximadamente, mas nem sempre ele está em uma posição favorável para observação. Dessa vez, felizmente, ele está a uma descendência de 31º 13’, ou seja, a uma distância do horizonte boa o suficiente para encontrá-lo. Melhor ainda: a Lua estará na fase minguante, então sua luminosidade não atrapalhará a visualização do cometa.

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O problema é que suas explosões são muito repentinas e atingem o máximo em cerca de 2 horas, então pode ser que o brilho já tenha diminuído quando você puder observar o céu. Alguns astrônomos fotografaram o cometa explosivo na última terça-feira (29), então ele já está brilhando há algumas horas. Contudo, se usarmos anos anteriores como referência, pode ser que ainda haja boas chances de encontrá-lo bem visível. Em 2013, por exemplo, ele foi fotografado do dia 16 a 28 de julho, com as últimas imagens ainda exibindo brilho considerável.

Uma curiosidade é que o 29P exibe um formato de ferradura à medida que se passam os dias de explosão, porque nós vemos apenas um hemisfério do cometa ser iluminado pelo vulcão. Além disso, ele parece girar lentamente com um período de 57 dias.

Por que o cometa 29P explode?

Na verdade, cometa tem um criovulcão, ou seja, um vulcão que expele substâncias voláteis em vez de lava. Esses voláteis podem ser água, amoníaco ou metano, e são mais comuns em luas geladas como Tritão. Outros objetos do Cinturão de Kuiper também podem experimentar essas explosões ao se aproximar do Sol, mas o 29P é especial por sua órbita ser próxima de Júpiter.

Para ser mais preciso, o Schwassmann – Wachmann pertence à familia dos Centauros, um grupo de pequenos corpos gelados (a maioria asteroides) com órbitas entre as de Júpiter e Netuno. Os astrônomos suspeitam que eles migraram recentemente do Cinturão de Kuiper, que fica além da órbita de Netuno e se estende até regiões escuras e 50 vezes mais distantes do Sol que a Terra. Especificamente, o cometa explosivo orbita o Sol em um círculo quase perfeito entre Júpiter e Saturno.

De acordo com Richard Miles, líder do projeto MISSION 29P, o objeto pode ter sofrido quatro explosões sucessivas, com "cada evento subsequente desencadeando o próximo" nesses últimos dias. Como uma garrafa de champanhe, o gelo de monóxido de carbono e metano sob pressão abaixo da crosta do cometa começa a derreter, misturar e liberar energia. O aquecimento solar faz com que a crosta bem acima desses pontos ceda, liberando os gases de forma explosiva. Em seguida, a gravidade do cometa entra em cena e fecha temporariamente a abertura, até que outro ciclo comece.

Fonte: Sky & Telescope