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Esta nuvem acabou distorcida por culpa do buraco negro da Via Láctea

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Fevereiro de 2023 às 20h30

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A. Ciurlo et al./UCLA GCOI/W. M. Keck Observatory
A. Ciurlo et al./UCLA GCOI/W. M. Keck Observatory

Após 20 anos de observações, astrônomos conseguiram revelar as etapas pelas quais a nuvem peculiar X7 vem passando, enquanto é rompida conforme é acelerada em direção a Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo a 26 mil anos-luz de nós, no coração da Via Láctea. Eles trabalharam com o observatório W. M. Keck, no Havaí.

A nuvem X7 tem cerca de 50 vezes a massa da Terra, e os pesquisadores vêm acompanhando sua evolução desde 2002. Através das imagens em infravermelho de alta resolução do observatório, eles descobriram que a nuvem acabou tão alongada que, agora, se estende por 3 mil vezes a distância entre a Terra e o Sol.

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O alongamento é resultado das forças de maré gravitacionais de Sgt A*, um buraco negro de 4,3 milhões de massas solares. Por ser tão massivo, a gravidade dele afeta os objetos que se aproximam demais: o lado da nuvem, que está mais próximo do buraco negro, acaba distorcido pela gravidade e é mais “esticado” que aquele mais distante. Esse processo é conhecido como “espaguetificação”.

“É empolgante ver mudanças significativas no formato e dinâmica de X7 em tantos detalhes ao longo de um período relativamente curto de tempo, conforme as forças gravitacionais do buraco negro supermassivo continuam influenciando o objeto”, acrescentou Randy Campbell, coautor do estudo.

No momento, a nuvem leva 170 anos para orbitar o buraco negro, mas pode nem mesmo ter tempo para completar uma volta. “Antecipamos que as fortes forças de maré gravitacionais exercidas pelo buraco negro galáctico vão romper X7 antes de completar uma só órbita”, observou Mark Morris, coautor.

Para os autores, a nuvem X7 fará sua aproximação máxima de Sgr A* por volta de 2036, e deverá acabar dissipada pouco depois; o gás e poeira de sua estrutura vão acabar engolidos pelo buraco negro, e podem ainda oferecer emissões luminosas conforme são aquecidos durante a aproximação do objeto.

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A animação abaixo representa este processo:

As descobertas representam a primeira estimativa da órbita da X7, sendo também as análises mais robustas já feitas de sua aparência, formato e comportamento. Ela tem algumas das mesmas propriedades observacionais dos outros objetos que orbitam o buraco negro da Via Láctea, mas sua origem ainda é desconhecida. Agora, a equipe continuará monitorando as mudanças da nuvem, conforme o buraco negro se alimenta dela.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal.

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Fonte: Astrophysical Journal; Via: W. M. Keck Observatory