Esta anã branca "comeu" restos de seus planetas e asteroides
Por Daniele Cavalcante | Editado por Luciana Zaramela | 26 de Fevereiro de 2024 às 13h00
Pela primeira vez, astrônomos identificaram restos de asteroides e planetas em uma anã branca, um “cadáver” de estrela que encerrou seu ciclo de fusão nuclear. O material planetário, possivelmente ionizado, foi encontrado em um dos polos do objeto.
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A anã branca WD 0816-310 é um objeto do tamanho da Terra, e ao seu redor, havia planetas, asteroides e cometas, todos contendo metais em suas composições. No entanto, ela já foi uma estrela de proporções muito semelhantes às do Sol.
Objetos assim surgem quando estrelas incapazes de explodir em supernovas formam nebulosas planetárias — algo assim vai acontecer com nosso Sol daqui a 4,5 bilhões de anos, após sua fase de gigante vermelha.
Apesar de serem muito menores que uma estrela e de não produzirem mais energia por fusão nuclear, as anãs brancas brilham por causa do calor que lhes restam. Por isso, são como um carvão ainda vermelho após o fogo ter se apagado.
Com a mesma influência gravitacional que a estrela tinha durante sua “vida” e um poderoso campo magnético, a anã branca ainda tem seus planetas e asteroides em sua órbita. A única diferença é que, quando chega à fase de gigante vermelha, ela pode devorar os objetos mais internos do sistema.
No caso da WD 0816-310, o processo deixou detritos e material dos planetas e asteroides devorados ainda em sua órbita. Essa é a conclusão do estudo que descobriu uma espécie de “cicatriz” metálica na superfície do objeto, que só pode ser explicada pela captura e absorção desses restos planetários.
Os astrônomos fizeram a descoberta usando o Very Large Telescope para constatar que a assinatura desses elementos químicos varia periodicamente com a rotação da estrela. Isso sugere que a cicatriz está presente em um dos polos da anã branca, provavelmente porque o material metálico foi ionizado antes de ser capturado.
Com a descoberta, os cientistas podem estudar melhor a dinâmica em sistemas “mortos” como este, e prever como vai ser nosso Sistema Solar daqui a alguns bilhões de anos.
O artigo foi publicado na The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters, ESO