Equipe do Hubble faz uma estimativa do tamanho do núcleo do cometa interestelar
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Uma equipe de astrônomos utilizou o Telescópio Espacial Hubble para registrar a imagem mais nítida até agora do cometa interestelar 3I/ATLAS. Esse registro permitiu aos especialistas estimar o tamanho do núcleo sólido e gelado desse visitante vindo de fora do Sistema Solar.
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As observações revelaram que o limite superior do diâmetro do núcleo é de cerca de 5,6 quilômetros, embora ele possa ter apenas 320 metros de diâmetro.
Os astrônomos ressaltam, entretanto, que as imagens obtidas até agora não permitem observar diretamente o núcleo sólido do cometa — apenas a nuvem de poeira e gás que o envolve.
A previsão é de que observações futuras realizadas pelo Telescópio Espacial James Webb e por satélites como o TESS (Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito) ajudem a refinar as estimativas sobre o tamanho e a composição desse corpo celeste.
Maior objeto interestelar já observado
O 3I/ATLAS foi descoberto em 1º de julho de 2025. Ele é o terceiro objeto interestelar já identificado e estimativas preliminares indicam que ele pode ser o maior deles, com um diâmetro que pode chegar a cerca de 15 quilômetros.
O enigmático 1I/ʻOumuamua — descoberto em 2017 — tem entre 100 e 400 metros de diâmetro, enquanto o 2I/Borisov, avistado pela primeira vez em 2019, possui cerca de 1 quilômetro.
Pluma de poeira do 3I/ATLAS
Os novos registros do Hubble também captaram uma pluma de poeira sendo ejetada da região do 3I/ATLAS aquecida pelo Sol. Além disso, foi possível detectar que uma cauda de poeira está se afastando do núcleo do cometa.
Segundo os cientistas que lideram as observações, o visitante interestelar apresenta uma taxa de perda de poeira semelhante à de cometas originados no nosso Sistema Solar e que se aproximam do Sol. A diferença é que o 3I/ATLAS veio de outro sistema estelar da Via Láctea.
Cometa em alta velocidade
As análises indicam que o 3I/ATLAS está atravessando o nosso Sistema Solar a cerca de 209 mil km/h — a maior velocidade já registrada para um visitante interestelar.
Essa alta velocidade é uma evidência de que o cometa pode estar viajando pelo espaço interestelar há bilhões de anos. Isso ocorre devido ao chamado “efeito de estilingue gravitacional”, gerado pelas estrelas e nebulosas que o cometa encontrou ao longo de sua trajetória, ganhando impulso a cada aproximação.
Assim, quanto mais tempo o 3I/ATLAS viajou pela Via Láctea, maior se tornou sua velocidade.
Os resultados da pesquisa serão publicados no The Astrophysical Journal Letters e já estão disponíveis no repositório arXiv.
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Fonte: NASA