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Elementos radioativos no fundo do oceano podem te vindo de supernova distante

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Maio de 2021 às 18h40

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Aaron M. Geller, Northwestern University
Aaron M. Geller, Northwestern University

No passado, houve um evento energético em algum ponto distante do universo, que produziu ferro e plutônio radioativos. Recentemente, traços de plutônio foram encontrados em rochas no fundo do Oceano Pacífico por uma empresa petroleira do Japão, que doou o material para cientistas — e, agora, uma equipe de pesquisadores propõe que os detritos radioativos chegaram ao nosso planeta nos últimos 10 milhões de anos, e teriam sido formados por supernovas junto da fusão de estrelas de nêutrons.

Amostras “frescas” como essas podem ajudar os cientistas a entender como o universo produziu elementos mais pesados que o ferro, como o ouro, urânio e plutônio. “Esses elementos ainda são um mistério para nós, já que não sabemos exatamente onde são produzidos e nem em que quantidade”, diz o físico Anton Wallner, da Universidade Nacional Australiana. Hoje, os astrônomos consideram que os elementos mais pesados podem ser gerados em supernovas, a explosão que ocorre na “morte” de estrelas bastante massivas.

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Essas explosões são extremamente poderosas e podem lançar elementos em todas as direções — tanto que, se uma dessas ocorre relativamente perto de nós, “todos os elementos produzidos são disparados para cá e chovem nas nossas cabeças, literalmente”, conforme explica o astrônomo Brian Fields. Ele e outros colegas já haviam proposto, em outro estudo, que as supernovas podem criar elementos estáveis e instáveis, sendo que estes últimos são formas radioativas que duram alguns milhões de anos antes de decair. Para eles, estes átomos podem durar o suficiente para chegar na Terra após a estrela morrer, e poderiam ser identificados.

No fim, a busca por estes elementos resultou na descoberta de ferro-60 em rochas no fundo do mar, na neve da Antártida e até em amostras lunares. Isso sugeriu que houve alguma explosão estelar — provavelmente uma supernova — na vizinhança da Terra há cerca de 3 milhões de anos, espalhando ferro radioativo. Agora, o ferro encontrado em rochas no fundo do oceano confirma isso, sugerindo, também, que uma nova dose do elemento veio para cá há 6 milhões de anos; ou seja: “não existe somente uma estrela em explosão, mas sim duas”, disse Fields.

Além do ferro, eles encontraram também o plutônio-244, um elemento radioativo que não ocorre naturalmente na Terra. Eles compararam as observações com o que os modelos previam sobre a produção destes elementos por eventos cósmicos, e perceberam que deve haver mais algum processo envolvido além da supernova. É possível, então, que a fusão de estrelas de nêutrons seja parte da produção: “são as explosões das supernovas que produzem uma parte desses elementos, mas as fusões de estrelas de nêutrons ou outros eventos raros também", explicou Walter.

Hendrik Schatz, físico da Michigan State University que não faz parte da equipe do estudo, ficou surpreso com os resultados. Para ele, essas novas descobertas se juntam a evidências anteriores que mostram que elementos pesados, como o plutônio, não podem vir somente de supernovas antigas. “Existem muitas evidências que apontam para fontes múltiplas”, explica. “As fusões de estrelas de nêutrons são provavelmente uma das fontes mais importantes, mas elas não parecem poder explicar todas as observações”.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science.

Fonte: NPR