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Destaques da NASA: fotos astronômicas da semana (12/03 a 18/03/2022)

Por| Editado por Patricia Gnipper | 19 de Março de 2022 às 11h00

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NASA, ESA;I. D. Bobillo & D. Gravinese/X. Wang/D. Alemazkour
NASA, ESA;I. D. Bobillo & D. Gravinese/X. Wang/D. Alemazkour
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Os entusiastas de fotografias com longas exposições do céu noturno vão ficar fascinados pelas imagens astronômicas destacadas pela NASA desta semana, Esta seleção reuniu registros incríveis que, além de mostrar a beleza da Via Láctea no céu, estrelas e até algumas galáxias por perto, capturaram também um fenômeno curioso, que forma faixas coloridas e ondulantes, conhecidas como "airglow".

As nebulosas também aparecem por aqui, em suas várias cores e formas — uma delas tem até berçários estelares! Por fim, você poderá conferir uma galáxia a apenas 11 milhões de anos-luz da Terra, cujo núcleo está em atividade.

Confira:

Sábado (12) — Céu noturno em Point Reyes

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Se você estivesse passeando no Point Reyes, na Califórnia, conseguiria aproveitar a noite para observar várias estrelas e constelações no céu, acompanhadas pelo arco da Via Láctea. Por exemplo, observe a área abaixo do arco; ali, um pouco à esquerda, está Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno. Já a estrela de brilho amarelado mais próxima do centro é Betelgeuse, que integra a constelação de Órion, o Caçador.

O aglomerado estelar das Plêiades também aparece aqui. Também conhecido como “Sete Irmãs”, este é um aglomerado estelar aberto (formado por algumas milhares de estrelas nascidas da mesma nuvem molecular, com idade semelhante) que contém estrelas bastante quentes e luminosas, formadas nos últimos 100 milhões de anos. Estimativas de astrônomos apontam que as Plêiades devem existir por mais 250 milhões de anos.

Todos estes objetos aparecem cercados pela faixa da nossa galáxia. Quando é observado de lado (na perspectiva da posição do Sistema Solar), o disco da Via Láctea aparece como uma linha reta; contudo, várias fotos do céu noturno são panoramas, produzidos a partir de uma sequência de imagens de pequenas porções do céu unidas em um único registro. Como a foto final é uma projeção achatada de uma esfera curva, a distorção faz com que nossa galáxia apareça torcida, enquanto o horizonte segue reto.

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Domingo (13) — Cores do airglow

Às vezes, o céu pode ficar com cores coloridas em arco parecidas com um arco-íris, como aconteceu nesta noite na província de Qinghai, na China. Entretanto, o fenômeno registrado aqui é diferente.

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As faixas coloridas registradas são conhecidas como “airglow” (ou “brilho do ar”, em tradução literal), um fenômeno causado por perturbações nos átomos e moléculas da atmosfera da Terra somadas a interações com a luz do Sol. Essa perturbação pode ser causada por diferentes fenômenos, como uma tempestade se aproximando, por exemplo.

Quando isso acontece, ocorrem oscilações no ar parecidas com as ondulações formadas em um lago após você jogar uma pedrinha nele. Já as cores variam de acordo com as moléculas presentes ali: o airglow vermelho provavelmente se deve às moléculas de hidroxila a aproximadamente 87 km de altitude que interagiram com a luz ultravioleta do Sol, enquanto o brilho laranja e verde pode ter vindo dos átomos de sódio e oxigênio, respectivamente.

O airglow não pode ser observado durante o dia e até telescópios ópticos em solo têm dificuldade para registrá-lo — mas, por outro lado, telescópios espaciais conseguem observá-lo mais detalhadamente na luz visível. No caso desta imagem, as cores foram editadas digitalmente para se destacarem mais no céu noturno.

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Segunda-feira (14) — Berçário estelar na Nebulosa da Águia

Em um dos pilares de gás e poeira da Nebulosa da Águia (M16), há uma região de formação estelar conhecida como “EGG”, a abreviação em inglês de “glóbulos gasosos evaporando”. Os EGGs são regiões densas compostas principalmente por hidrogênio molecular que se fragmenta e, depois, sofre colapso gravitacional, formando novas estrelas.

A luz vinda das mais quentes e brilhantes delas aquecem o pilar, impulsionando a evaporação de mais gás e poeira. O resultado disso é a formação de novos EGGs que, consequentemente, dão origem a ainda mais estrelas “bebês”, cujo destino dependerá da massa delas. Por exemplo, caso não sejam massivas o suficiente para iniciar a fusão nuclear, elas não se tornam estrelas propriamente ditas, mas sim anãs marrons.

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Em cerca de 100 mil anos ou até mais, as estrelas recém-nascidas destroem os pilares onde nasceram. Esta imagem foi produzida a partir de exposições do telescópio espacial Hubble, realizadas por mais de 30 horas. Depois, o material foi processado digitalmente por voluntários.

Terça-feira (15) — Estrada e a Via Láctea

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A estrada fotografada aqui, que parece se encontrar com o disco da Via Láctea, fica no Chile, próxima do observatório La Silla. Ali, há um telescópio de 3,6 m que abriga o espectrógrafo HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher), um grande caçador de exoplanetas. Já do lado esquerdo dela, estão algumas estruturas que, futuramente, vão dar apoio aos telescópios BlackGEM, uma rede de telescópios que ajudará nas detecções de fenômenos ópticos relacionados às ondas gravitacionais, junto de outros instrumentos.

O céu desta imagem está repleto de objetos e fenômenos interessantes, como o airglow avermelhado, no lado direito da foto. A faixa central da Via Láctea corta o centro da imagem e, logo acima dela, há um ponto luminoso; o que está ali não é uma estrela, mas sim Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Saturno, outro gigante gasoso da nossa vizinhança, aparece um pouco acima do domo do telescópio, no lado esquerdo da foto.

Por fim, se você olhar a parte direita da imagem atentamente, verá duas formas difusas. Ali, estão a Grande e Pequena Nuvem de Magalhães, as maiores galáxias satélites da Via Láctea. A primeira fica a aproximadamente 160 mil anos-luz do nosso planeta, e a outra, a cerca de 200 anos-luz.

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Quarta-feira (16) — O universo observável

A imagem acima representa o universo observável em uma escala bem compacta, ou seja, mostra tudo que conseguiríamos observar se nossos olhos pudessem detectar todos os tipos de radiação existentes. É que, quando pensamos na luz visível, o mais distante que conseguimos enxergar vem da radiação cósmica de fundo formada há 13,8 bilhões de anos, quando o universo ainda opaco, como se estivesse coberto por neblina espessa.

Na imagem, o Sol e a Terra aparecem no centro, rodeados pelo restante do Sistema Solar, além de galáxias e estrelas próximas e outras mais distantes. Vemos também filamentos de matéria primordial e a radiação cósmica de fundo, formada por remanescentes das primeiras luzes que puderam viajar livremente pelo universo. Essa “radiação fóssil” é mais distante que os telescópios conseguem observar, e foi liberada logo após o Big Bang.

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Hoje, os cosmólogos acreditam que o universo observável é somente uma parte próxima do “universo” propriamente dito; este seria uma entidade maior em que a mesma física conhecida atualmente é aplicável. Contudo, alguns teóricos sugerem que, na verdade, o nosso universo faz parte de um multiverso, com diferentes leis e constantes da física, outras dimensões e, quem sabe, versões levemente diferentes do universo que conhecemos.

Quinta-feira (17) — Galáxia Centaurus A

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A foto acima te mostrou a galáxia ativa mais próxima da Terra. Trata-se de Centaurus A, uma galáxia elíptica peculiar localizada a apenas 11 milhões de anos-luz de nós que parece ter tido um passado agitado: ao que tudo indica, Centaurus A é o resultado da colisão de duas outras galáxias, que criaram uma mistura fantástica de aglomerados estelares e caminhos de poeira escura.

Perto de seu centro, há um buraco negro supermassivo com alguns bilhões de massas solares, consumindo os detritos cósmicos que sobraram da formação da galáxia. Assim, quando alguma galáxia tem uma região compacta em seu centro emitindo luminosidade muito acima do normal, com características que sugerem que essa luminosidade não vem de estrelas, dizemos que ela tem núcleo ativo — e que, portanto, aquela é uma galáxia ativa.

A radiação vinda do núcleo sem origem estelar é considerada o resultado do processo de acreção de matéria, realizado pelo buraco negro no centro da galáxia. Estes núcleos galácticos ativos são algumas das fontes emissoras de radiação eletromagnético mais luminosas e persistentes no universo e, por isso, podem ajudar na descoberta de objetos distantes.

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Sexta-feira (18) — Nuvens de poeira na constelação Monoceros

Em direção à constelação de Monoceros, o Unicórnio, há um grande complexo de nuvens de poeira. Uma delas é a IC 447, uma nebulosa de reflexão que aparece do lado esquerdo inferior na imagem. Nestas nebulosas, a poeira interestelar delas reflete a luz de estrelas próximas — no caso, ela guarda em seu interior estrelas jovens e massivas muito mais quentes que o Sol, cuja luz é refletida pela poeira presente ali.

Hoje, já há cerca de 500 nebulosas de reflexão conhecidas. É comum encontrar as nebulosas de reflexão e de emissão (uma nebulosa formada por gases ionizados, capazes de emitir luz em diferentes comprimentos de onda) juntas e, quando isso acontece, elas podem ser chamadas de “nebulosas difusas”.

Já no canto inferior direito da imagem está a IC 446, uma nebulosa formada por um filamento de poeira. Ela guarda também um objeto estelar jovem, ou seja, uma estrela massiva em uma etapa bastante inicial de seu processo evolutivo. O filamento escuro de poeira e gás molecular, que se junta às duas regiões de formação estelar, se estende por mais de 15 anos-luz.

Fonte: APOD