De onde vêm as estrelas cercadas por discos de poeira e planetas?
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Existe uma correlação entre o movimento das estrelas e a metalicidade delas — a proporção de matéria formada por elementos diferentes do hidrogênio e hélio. A conclusão vem de um novo estudo liderado pelo Dr. Ramiro de la Reza, pesquisador do Observatório Nacional, que, junto de autores de outras instituições, investigou as relações entre a massa dos discos de poeira e a metalicidade.
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Os cientistas investigaram estrelas com massa semelhante à do Sol. Quando estão no início de suas “vidas”, elas normalmente são cercadas por discos de gás e poeira que, com o tempo, formam planetesimais (estruturas formadas por corpos rochosos). Conforme se agrupam, estes planetesimais formam planetas de baixa massa, que eventualmente originam estruturas sólidas e massivas.
Estas estruturas podem, um dia, se tornar núcleos de planetas gigantes. Até aqui, descrevemos uma etapa que pode durar até 10 milhões de anos, e que depois dá lugar a outra, na qual um novo disco emerge a partir da poeira gerada pelas colisões dos planetesimais — esses novos discos contêm asteroides e pequenos planetesimais.
Assim, algumas estrelas podem ser cercadas por planetas e por discos do tipo — mas os autores notam que, até o momento, há aproximadamente 30 estrelas solares conhecidas que são acompanhadas pelos discos e planetas. Elas são conhecidas como “DDP”, e os pesquisadores decidiram investigá-las mais a fundo.
No estudo, eles mostraram que grande parte dessas estrelas vem do disco galáctico fino e com alta quantidade de metais, região que também é o lar das estrelas mais jovens das galáxias. As exceções são três estrelas DDP que parecem ter nascido entre 11 e 8 bilhões de anos atrás, ou seja, surgiram a partir de discos galácticos espessos. Portanto, os pesquisadores estabeleceram uma correlação entre a metalicidade das estrelas e a massa do disco de poeira.
Os resultados são importantes porque, apesar de muitos estudos já mostrarem que as estrelas DDP não dependem das massas planetárias e nem da idade, ainda faltava examinar as possíveis relações entre o movimento das estrelas e a metalicidade. Além disso, nós vivemos em um sistema DDP, que tem o Sol como estrela central, planetas ao seu redor e um disco de poeira. Assim, o Dr. de la Reza destaca que entender estes sistemas mais distantes proporciona um melhor entendimento da formação do nosso próprio sistema estelar.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: Astronomy & Astrophysics; Via: Observatório Nacional