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Dados do rover Curiosity revelam que Marte pode ter sofrido inundações

Por| 24 de Novembro de 2020 às 12h30

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Reprodução/M. Kornmesser / ESO.
Reprodução/M. Kornmesser / ESO.
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A cratera Gale, em Marte, é o resultado de um grande impacto ocorrido no planeta em um passado remoto, e guarda minerais que podem conter pistas sobre o clima antigo de nosso vizinho. Assim, em um estudo de dados coletados pelo rover Curiosity, cientistas de instituições variadas — entre elas, Jackson State University, Cornell University, University of Hawaii e Jet Propulsion Laboratory, da NASA —, descobriram que inundações enormes varreram a região há 4 bilhões de anos. Essa descoberta pode contribuir para a possibilidade de a vida ter existido por lá.

Alberto G. Fairén, co-autor do estudo, explica essas mega inundações foram identificadas pela primeira vez em dados coletados pelo rover Curiosity, que completou oito anos de exploração deMarte — segundo ele, dados anteriores não indicaram a existência de depósitos de sedimentos deixados por esses fenômenos, que foram capazes de criar ondulações gigantescas que guardam sinais do que houve no passado do planeta.

É que, assim como acontece na Terra, as formações geológicas ficaram “congeladas” no tempo por mais de 4 bilhões de anos, e elas são excelentes indicativos dos processos que esculpiram a superfície de ambos os planetas. “Neste caso, temos a ocorrência de formações gigantescas em formato de onda nas camadas sedimentares da cratera Gale, conhecidas como ‘antidunas’ ou ‘mega ondas’, com cerca de 9 m de altura e 137 m de distância entre elas”, explica Ezat Heydari, autor líder do estudo.

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As antidunas são formações que indicam o fluxo de mega inundações que atingiram o interior da cratera Gale há cerca de 4 bilhões de anos, e são bem parecidas com aquelas que foram causadas pelo derretimento do gelo na Terra há 2 milhões de anos. É bastante possível que a origem dessas inundações esteja no calor gerado por um grande impacto, que acabou liberando dióxido de carbono e metano de reservas congeladas. Depois, devido à condensação da água gerada pelo derretimento, nuvens se formaram e causaram chuvas tão intensas que podem ter coberto todo o planeta.

É daí que veio a água da cratera Gale, que se combinou com a de Monte Sharp, uma formação que fica em seu interior; juntos, esses dois fluxos de água teriam produzido grandes inundações, capazes de formar depósitos de cascalhos em Hummocky Plains Unit e formações geológicas em Striated Unit. A equipe do rover Curiosity já estabeleceu anteriormente que existiram lagos e fluxos de água na cratera no passado — tanto que a região pode ter abrigado riachos que passavam por ciclos, nos quais transbordavam e secavam.

Por isso, é possível que Monte Sharp e Gale tenha abrigado formas de vida. “Marte primitivo foi um mundo extremamente ativo do ponto de vista geológico”, comentou Fairén. “O planeta teve as condições necessárias para dar suporte à presença de água líquida em sua superfície. E na Terra, onde tem água, tem vida”. O pesquisador conclui, então, que “Marte primitivo foi um planeta habitável”, mas ressalta: “estava inabitado? Essa é uma pergunta que o rover Perseverance vai ajudar a responder”. O rover Perseverance foi lançado em julho, e segue viagem com destino à cratera Jezero, em Marte. Entre os objetivos da missão, está a busca por possíveis sinais de vida que podem estar no Planeta Vermelho.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Scientific Reports.

Fonte: Cornell.edu