Crateras lunares nas sombras podem ser jovens demais para ter água
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

Uma nova análise das crateras lunares sugere que as depressões e outras formações na superfície do nosso satélite natural são jovens demais para ter reservas antigas de água congelada. Para os autores, a maioria das crateras em áreas de sombra permanente não têm mais que 2,2 bilhões de anos.
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Enquanto tentam descobrir a quantidade de água presente na Lua e sua localização, os cientistas vêm estudando as chamadas regiões permanentemente nas sombras (PSRs, na sigla em inglês). Elas são áreas como crateras profundas, onde a temperatura oscila por volta dos -160 ºC.
Algumas estimativas sugeriram que as crateras nestas condições podem ter camadas de gelo chegando a alguns metros de espessura. Contudo, estas estimativas exigem um acúmulo ao longo de bilhões de anos, e o novo estudo sugere que as PSRs talvez não tenham passado tempo suficiente sem luz do Sol para conseguir tal acúmulo.
O novo estudo foi feito após outro publicado há um ano, no qual os pesquisadores tentaram resolver a discrepância entre a taxa à qual a Lua está se afastando da Terra e a idade do nosso satélite natural. No fim, eles descobriram que a explicação estava na ressonância entre os dois corpos.
O físico Norbert Schörghofer, coautor do novo estudo, ficou intrigado com a conclusão. “Imediatamente percebi que [o resultado] tinha implicações profundas para a busca por água congelada na Lua”, relatou ele. Para entender os novos resultados, vale lembrar que, há cerca de 3,8 bilhões de anos, a Lua e outros corpos do nosso sistema foram bombardeados por cometas e asteroides.
Naquele período, a Lua estava recém-formada e tinha altas temperaturas, e é possível que a água do seu interior tenha sido liberada — e, se PSRs já existissem, poderiam ter capturado parte dela. Agora, os autores sugerem que as PSRs são muito mais recentes; portanto, qualquer gelo que exista nelas deve também ser recente. “A idade média das PSRs é de 1,8 bilhões de anos, no máximo. Não há antigas reservas de água na Lua”, acrescentou ele.
A conclusão tem implicações de grande importância para as futuras missões lunares — a NASA, por exemplo, vem buscando lugares para o pouso da missão Artemis III, e um dos critérios para a escolha é a proximidade das PSRs. Por isso, descobrir quais crateras são mais antigas vai ajudar os cientistas a selecionar locais para futuras missões tripuladas e robóticas na Lua.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Advances.
Fonte: Science Advances; Via: Planetary Science Institute