Cosmonautas contam como está sendo gravar documentário em RV na ISS
Por Danielle Cassita |

Em dezembro de 2020, a agência espacial russa Roscosmos anunciou a produção da série documental Space Explorers: the ISS Experience, junto dos estúdios Felix e Paul Studios, na Estação Espacial Internacional (ISS). As filmagens, que acontecem até abril, vão mostrar como é a vida dos cosmonautas no espaço, de modo que o público se sinta parte das atividades e da rotina deles. Agora, tripulação comenta como tem sido a experiência das gravações na microgravidade.
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As filmagens vêm sendo feitas há cerca de dois anos com equipamentos especiais. A ideia do projeto é que a série documental seja produzida em quatro partes e mostre como é viver e trabalhar a bordo do laboratório orbital, em um filme com o diferencial de trazer experiências interativas envolventes ao público. Assim, como a agenda dos cosmonautas é apertada, as oportunidades de filmagem são poucas e precisam ser bem aproveitadas.
Kud-Sverchkov, cosmonauta a bordo da estação, comentou a produção: “um aspecto interessante é que os profissionais que filmam e escrevem os roteiros nunca estiveram na estação, enquanto nós, cosmonautas, nunca fizemos filmagens profissionais”, disse. Para ele, é importante que eles entendam com clareza qual deverá ser o resultado, e se mantenham atentos às recomendações de gravação, roteiro, posicionamento e demais aspectos.
O trabalho está sendo feito em equipe: os tripulantes russos vêm participando das gravações e, enquanto isso, os colegas norte-americanos de ISS ajudam na instalação das câmeras nos dias de filmar. Felizmente, a microgravidade traz algumas vantagens para as filmagens: “aqui, a ausência de peso nos ajudou porque a câmera podia ser até posicionada no teto, e não precisamos desviar dela depois da instalação como aconteceria na Terra”, relatou em entrevista.
Tudo está sendo produzido com um equipamento desenvolvido especialmente para filmagens no espaço no formato de 360 graus, que garante a experiência imersiva: “após instalar e ativar, a câmera ficou no segmento russo da ISS por algumas horas e continuou filmando o cotidiano”, disse Kud-Sverchkov. Assim, foram produzidas imagens dos experimentos feitos a bordo, comunicação, treinamento e até o momento das refeições, tudo para que o público se sinta parte da tripulação e, desta forma, possa experimentar como é a vida por lá.
Para ele, a ISS é, além de um ambiente de trabalho, uma “verdadeira casa espacial”, de modo que os episódios do cotidiano ajudam a compor uma espécie de enredo para as câmeras: “a ISS é um exemplo único de como pessoas de diferentes países trabalham juntas para criar modelos de tecnologia espacial e realizar descobertas científicas”, finalizou.
O uso das tecnologias do projeto e esse efeito de presença criado pela filmagem permite que as pessoas vejam a estação pelos olhos dos cosmonautas, conferindo como eles vivem e trabalham no espaço. As filmagens do projeto começaram em 2019 com uma câmera levada ao laboratório orbital durante uma missão de reabastecimento lançada pela SpaceX no ano anterior. Durante as filmagens, os tripulantes puderam registrar experimentos científicos, como o cultivo de vegetais e testes com robôs.
Fonte: Sputinik News, CollectSpace