Conheça CIMON-2, segunda geração do robô que é assistente de astronautas na ISS
Por Patricia Gnipper |
Depois de o robô CIMON (Crew Interactive Mobile Companion) ser enviado à Estação Espacial Internacional (ISS) em fevereiro de 2018 e voltar à Terra em agosto de 2019, agora chegou a vez de o CIMON-2 continuar o trabalho de seu antecessor, também auxiliando na execução de tarefas e fazendo companhia a astronautas na ISS. O robô equipado com inteligência artificial chegou ao laboratório orbital na última semana, e ficará por lá por até três anos.
O CIMON-2 ganhou melhorias após a experiência com o primeiro CIMON, e entre as novidades que mais chamam a atenção estão aprimoramentos em seu senso de direção e também em suas emoções — ou o equivalente a isso para um robô. De acordo com a IBM, responsável pela implementação da inteligência artificial, "o CIMON é um demonstrador de tecnologias para interação homem-máquina", movimentando-se de forma autônoma e contando com IA. O robô foi desenvolvido e construído pela Airbus na Alemanha, enquanto especialistas do Hospital Universitário Ludwig-Maximilian, em Munique, ficaram responsáveis pelas questões científicas do projeto, que também tem participação do Centro Aeroespacial Alemão.
Abaixo, você vê o astronauta Alexander Gerst, da ESA, interagindo com o primeiro CIMON na ISS:
"Durante sua primeira utilização na ISS, o CIMON provou que não apenas pode compreender o conteúdo em contexto, mas também a intenção por trás dele. O CIMON-2 está dando um passo adiante", declara Matthias Biniok, líder de projetos da IBM para a IA Watson. Ele também diz que o CIMON-2 "agora é capaz de avaliar as emoções dos astronautas e reagir de maneira apropriada à situação, a pedido dos astronautas ou quando sua análise emocional for testada como parte de um experimento; isso significa que o CIMON-2 pode, se necessário, até deixar de ser um assistente científico para ser um empático parceiro de conversa".
De acordo com informações da IBM, o CIMON "é um experimento tecnológico para apoiar os astronautas e aumentar a eficiência de seu trabalho", sendo "capaz de mostrar e explicar informações e instruções para experimentos científicos e serviços de reparos". A interação acontece por meio de voz, então os astronautas mantêm as duas mãos livres quando estão contando com o robô, que também pode ser usado como uma câmera móvel, além de executar tarefas de rotina, como documentar experimentos, pesquisar objetos e controlar estoques da ISS.
O CIMON ouve, entende e fala, e conta com sensores de ultrassom para medir distâncias e prever possíveis colisões — recurso que foi melhorado no CIMON-2, junto com sua capacidade de interpretar emoções. O objetivo deste aprimoramento, segundo os pesquisadores que ajustaram o robô, é transformar o CIMON, deixando de ser um mero assistente científico para se tornar um “companheiro empático”. Ainda, o robô ganhou novos microfones, que o tornam mais sensível a comandos de voz para que ele possa ser interrompido enquanto estiver "tagarelando".
Nos planos do projeto, está ainda a ideia de carregar a IA do CIMON-2 em uma nuvem na ISS. "Ao viajar para a Lua ou Marte, a tripulação poderia contar com um serviço de assistência baseado em IA, mesmo sem um link permanente de dados com a Terra. Por outro lado, uma aplicação na Terra poderia ser, por exemplo, apoiando pessoas em tarefas complexas em locais com infraestrutura precária", explica Christian Karrasch, gerente de projetos do Centro Aeroespacial Alemão.