Como o Sol "matou" estes pequenos satélites meses antes do esperado
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |

Três pequenos satélites do Programa Espacial Binar, da Universidade de Curtin, na Austrália, queimaram na atmosfera na última semana. Até aí, tudo bem, afinal a equipe da missão esperava que isso acontecesse em algum momento. O problema é que a reentrada dos satélites aconteceu cedo demais — e o culpado disso é o Sol.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- Talvez o Sol já esteja em atividade máxima. O que isso significa?
- Evento de Carrington: relembre uma das piores tempestades solares da história
Os satélites em questão são os cubesats Binar-2, 3 e 4. Eles fazem parte do Programa Espacial Binar, uma iniciativa de pesquisas com satélites com o objetivo de coletar dados sobre o Sistema Solar e diminuir a barreira para operações no espaço. O projeto começou com o satélite Binar-1, lançado em 2021.
Naquele ano, o Sol estava no início do seu 25º ciclo e tinha atividade relativamente baixa. O satélite com apenas 10 cm de cada lado foi liberado em uma órbita a 420 km de altitude e passou 364 dias em órbita. Já os Binar-2, 3 e 4 tinham tamanho semelhante e deveriam ter passado cerca de seis meses no espaço.
No entanto, eles sobreviveram apenas dois meses em órbita. “Embora as missões de cubesats sejam relativamente de baixo custo, o fim prematuro de uma missão sempre tem um preço alto”, observou Kyle McMullan, PhD na Universidade. “Isso reduziu significativamente o tempo para a ciência e para testes de novos sistemas”, acrescentou.
E por que os satélites foram condenados tão cedo à reentrada? A resposta está no Sol. “Embora esse não fosse um objetivo explícito da missão, o Programa Espacial Binar demonstrou de forma pungente os efeitos dramáticos da atividade solar nas operações espaciais”, ressaltou ele.
Atividade solar
O termo “atividade solar” inclui os vários fenômenos relacionados ao nosso astro, como manchas solares, explosões e até o vento solar, composto por partículas eletricamente carregadas. Estes eventos nada mais são do que o resultado do ciclo de 11 anos do Sol, cuja metade ocorre acompanhada de um pico de atividades.
Apesar de o ciclo ser bem conhecido pelos cientistas, é difícil prever ao certo os eventos dele. Mesmo assim, é certo que o aumento da atividade solar significa um maior fluxo de partículas eletricamente carregadas disparadas pelo nosso astro, capazes de danificar ou afetar componentes elétricos nos satélites.
O efeito é diferente para os satélites na órbita baixa da Terra, com altitude de 160 km a 1.000 km. Ali, as camadas mais externas da atmosfera absorvem a energia extra da atividade solar, aumentando o arrasto que as moléculas exercem nos satélites por lá. Isso altera a órbita deles, fazendo com que caiam de volta para nosso planeta. Os cientistas estimam que a atividade solar diminua a partir de 2026.
Fonte: The Conversation