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Cometa tem "cheiro" de amêndoas e moléculas orgânicas complexas

Por| Editado por Rafael Rigues | 22 de Agosto de 2022 às 17h30

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ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team
ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team

Um novo estudo de dados do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (ou apenas “Chury”, como é chamado) realizado por pesquisadores da Universidade de Berna, na Suíça, mostrou resultados surpreendentes: eles descobriram que o cometa é muito mais rico em moléculas orgânicas complexas do que se pensava, e algumas delas nunca foram vistas em um objeto do tipo.

Para o estudo, a equipe trabalhou com dados coletados pela sonda europeia Rosetta e analisados pelo espectrômetro ROSINA entre 2014 e 2016. Foi assim que eles identificaram uma série de moléculas orgânicas complexas vistas pela primeira vez em um cometa, que revelaram o que eles descreveram como "reserva orgânica" do Chury. Esta “reserva”, aliás, é parecida com a matéria orgânica que "chove" do anel mais interno de Saturno ao planeta.

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Nora Hänni, química da universidade e líder do estudo, explica que o conjunto de moléculas orgânicas do cometa se mostrou idêntico à parte solúvel de matéria orgânica dos meteoritos. “Portanto, parece provável que cometas impactadores — enquanto fornecedores essenciais de matéria orgânica — também contribuíram para a emergência da vida baseada em carbono na Terra”, disse ela.

Ao inserir os compostos orgânicos do Chury no contexto mais amplo do Sistema Solar e até nas nuvens de gás e poeira que, ao colapsar, formam novas estrelas e planetas, os pesquisadores concluíram que cometas como este são, de fato, “registros fósseis” dos materiais que formaram os planetas do Sistema Solar.

Susanne Wampfler, astrofísica da universidade, conta que várias das moléculas orgânicas do Chury estão presentes também nas nuvens moleculares, os berçários das novas estrelas. “Nossas descobertas são consistentes e apoiam o cenário da origem pré-solar das diferentes reservas dos compostos orgânicos do Sistema Solar, o que confirma que os cometas realmente têm material de tempos bem antes do nosso sistema nascer”.

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A análise do ROSINA revelou também alguns compostos químicos de diferentes átomos, incluindo moléculas orgânicas complexas que, até então, estavam “escondidas” na poeira do cometa — entre elas, estavam os traços de alguns compostos usados para criar fragrâncias familiares. “Encontramos, por exemplo, naftaleno, que é responsável pelo cheiro característico da naftalina”, recordou Hänni.

Eles identificaram ainda o ácido benzóico, um componente usado em incensos. “Além disso, encontramos ainda o benzaldeído, amplamente usado para conferir sabor de amêndoas a alimentos, e várias outras moléculas”, disse Hänni. “Estes compostos orgânicos pesados poderiam, aparentemente, tornar o perfume do Chury ainda mais complexo, mas mais atraente”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature; Via: Universidade de Berna