Cometa se aproxima após 80 mil anos e pode brilhar mais que Vênus no céu
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |
Um cometa recém-descoberto deve aparecer no céu noturno de 2024 tão brilhante quanto uma estrela — ou seja, visível a olho nu. Descoberto por duas equipes independentes, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) fará sua aproximação máxima do Sol em 13 de outubro do ano que vem.
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Em 9 de janeiro deste ano, astrônomos do Purple Mountain Observatory, na China, fizeram a primeira observação do cometa, enquanto outra equipe, sem ter conhecimento sobre o trabalho da primeira, encontrou o objeto com o telescópio Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), na África do Sul. Com isso, os dois times de astrônomos são reconhecidos no próprio nome do cometa (Tsuchinshan-ATLAS).
A partir daí, astrônomos e cientistas cidadãos do mundo inteiro observaram em imagens antigas de vários telescópios, para saber se o cometa estava ali há mais tempo sem que ninguém percebesse. A busca revelou que a imagem mais antiga do cometa estava entre os dados de uma câmera de campo amplo em um telescópio no Observatório Palomar, na Califórnia, datados de 12 de dezembro de 2022.
Enquanto o objeto viaja rumo ao Sol a mais de 290 mil km/h, as estimativas dos astrônomos sugerem que ele pode ganhar uma magnitude de -0,2, ou seja, terá brilho semelhante ao das estrelas mais brilhantes do céu.
Melhor ainda, à medida que o gelo e a poeira formam o coma (a nuvem de detritos ao redor do núcleo), a dispersão da luz solar através dos cristais de gelo na parte frontal do cometa pode formar um reflexo, aumentando seu brilho em nossa direção e potencialmente levando o corpo celeste à magnitude -5 (o mesmo brilho de Vênus, o segundo objeto mais luminoso do céu noturno, perdendo apenas para a Lua).
Por outro lado, cometas sempre podem surpreender qualquer expectativa dos cientistas. Alguns com maiores chances de serem visíveis a olho nu acabam se partindo à medida que se aproximam do Sol, devido à incidência de calor em suas superfícies geladas. Outros podem acabar surpreendendo com um espetáculo maior do que o previsto.
Segundo outras análises, o “A3” completa uma órbita ao redor do Sol a cada 80.660 anos — ou seja, esta é a primeira e (talvez) única oportunidade que a humanidade terá para observá-lo. Por enquanto, o C/2023 A3 está bem longe, entre Saturno e Júpiter, mas, ao se aproximar da Terra, ficará entre o Sol e nosso planeta. Infelizmente, isso dificulta a observação, pois o A3 deverá acompanhar o Sol no trajeto pelo nosso céu noturno.
Enquanto a aproximação não ocorre, os astrônomos seguirão observando o objeto e refinando seus cálculos, para saber se o cometa permanecerá inteiro antes de voltar para o lugar de onde veio.
Fonte: EarthSky