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Cometa Nishimura não vai mais ficar visível a olho nu

Por| Editado por Patricia Gnipper | 12 de Setembro de 2023 às 09h19

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NASA/Dan Bartlett
NASA/Dan Bartlett

No fim de semana, o cometa C/2023 P1 (Nishimura) proporcionou uma das melhores oportunidades — e talvez a última — de ser observado a a olho nu, embora encontrá-lo no céu tenha sido uma tarefa complicada. Mesmo assim, nos fins das madrugadas de sábado (9) e domingo (10), os mais sortudos conseguiram tirar fotos do objeto.

Descoberto em agosto por Hideo Nishimura, um astrônomo amador no Japão, o cometa que recebeu seu nome foi avistado em várias outras regiões do mundo. Contudo, sua proximidade com o Sol torna sua observação um pouco difícil, para dizer o mínimo.

Seu percurso de aproximação se completa no dia 17 de setembro, quando vai contornar o Sol e vai voltar para o lugar de onde veio. Antes disso, no dia 12, ele vai passar mais perto da Terra, mas isso não vai ser suficiente para observá-lo sem a ajuda de instrumentos.

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No sábado e domingo, o Nishimura esteve um pouco mais fácil de ser encontrado a olho nu, especialmente para os moradores ao norte do país. “No entanto", disse o Dr. Marçal Evangelista ao Canaltech, "por estar muito próximo ao amanhecer, e portanto, um pouco antes do nascer do Sol, não será tão simples conseguir observar”.

Segundo Evangelista, que é pesquisador de pós-doutorado do Observatório Nacional, depois do dia 10 de setembro “o cometa ficará muito próximo do Sol, e isto impossibilitará qualquer observação”. Claro, isso pode ser contornado com equipamentos específicos para esse tipo de observação e, por isso, alguns astrofotógrafos conseguiram registrar algumas imagens.

Como vemos nas fotos, o cometa tem núcleo verde, enquanto sua cauda tem cor clara. Isso ocorre por causa do carbono diatômico, uma molécula altamente reativa formada por dois átomos de carbono ligados. Encontrado somente em ambientes muito energéticos ou com baixa ocorrência de oxigênio, o composto é quase imediatamente destruído pela energia do Sol antes de se afastar do núcleo do cometa.

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Na semana passada, o Nishimura perdeu um pedaço da cauda devido a ventos solares formados por ejeções de massa coronal do Sol. Mas será que ele corre risco de ser destruído por nossa estrela? Evangelista explica que é difícil saber, porque o risco depende, em partes, da composição de seu núcleo:

Os tipos de gelos que são formados, a quantidade de vezes que adentrou no Sistema Solar interior, distância do periélio (ponto de sua órbita em que fica mais perto do Sol) além de outros fatores podem ser indicativos se o núcleo do cometa se fragmentará ou não na passagem pelo seu periélio.

Ele também informou que, até o momento da entrevista, não havia sido reportado observacionalmente se o cometa Nishimura se fragmentou ou não, e deu alguns exemplos de mecanismos que podem causar fragmentação de núcleos cometários:

Pode ocorrer se um cometa se aproxima do Sol o suficiente para que ocorra fragmentação por ruptura de maré, quando ocorre erosão do núcleo por sublimação, instabilidade rotacional ou conjuntos de fatores.
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Fragmentado ou não, o Nishimura vai ficar mais brilhante à medida que se aproxima do Sol nos próximos dias. O problema é que, quanto mais perto da estrela, mais difícil é observá-lo a partir da Terra, exceto com equipamentos ópticos e alguma habilidade para usá-los em casos como este.