Cientistas já começaram a estudar as amostras do asteroide Ryugu
Por Danielle Cassita | 15 de Dezembro de 2020 às 16h00
A missão Hayabusa2, da agência espacial japonesa JAXA, voltou para casa no início do mês trazendo consigo um material de grande importância científica: a sonda coletou amostras do asteroide Ryugu, que poderão ajudar os cientistas a descobrir pistas fundamentais sobre a formação do Sistema Solar. Já nesta terça-feira (15), os oficiais da agência abriram a cápsula e confirmaram que ela trouxe um grande número de rochas escuras e partículas de poeira.
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Foram necessárias algumas tentativas até a nave conseguir coletar as amostras da superfície de Ryugu e, em uma delas, foi preciso disparar um projétil na rocha para liberar o material mais interno do objeto espacial. Ao chegar à Terra, a cápsula foi liberada em uma região da Austrália em 5 de dezembro, e foi recolhida por oficiais da JAXA que já estavam prontos na região para recebê-la. Depois, a cápsula foi transportada para o Japão. Agora, eles abriram a primeira das três câmaras de coleta, que é a “câmara A”, e publicaram no Twitter uma imagem do seu interior.
A foto mostra uma pequena porção de pedaços de Ryugu, o asteroide com 900 metros de diâmetro com grande quantidade de carbono em sua composição — um bloco fundamental para a ocorrência da vida. Segundo a agência espacial, a amostra no contêiner em questão deve ter sido coletada no primeiro pouso feito pela missão: “Na foto, parece marrom, mas nossa equipe diz que é preto! O retorno das amostras foi um sucesso!”, dizem.
As outras duas câmaras ainda não foram abertas, mas mesmo assim a Hayabusa2 parece ter conseguido mais amostras do que a equipe esperava. A ideia era que coletasse pelo menos 100 miligramas de amostras, e a única forma de saber quanto material obtido era esperar até o material chegar à Terra. Assim, nos próximos passos, os cientistas abrirão as câmaras B e C, e o grupo responsável pela análise das amostras vai trabalhar no material, que deverá ser distribuído para cientistas de todo o mundo, não ficando restrito aos japoneses.
A missão Hayabusa2 foi lançada em 2014 e alcançou o asteroide apenas em 2018. Depois, ela passou cerca de um ano e meio observando e obtendo amostras do objeto antes de deixá-lo no ano passado. Agora, a missão segue viagem com destino ao asteroide 1998 KY26, e deverá alcançá-lo em aproximadamente uma década. Os asteroides são remanescentes das primeiras etapas da formação do Sistema Solar, e estudar amostras deles é fundamental para que a ciência compreenda ainda melhor como foram as primeiras etapas que fizeram nossa vizinhança espacial se formar.
Fonte: Space.com, SpaceflightNow