Novas fotos do asteroide Ryugu oferecem mais pistas sobre sua composição
Por Patricia Gnipper |
A sonda Hayabusa-2, da JAXA (a agência espacial japonesa), está estudando o asteroide Ryugu de pertinho especialmente desde fevereiro, quando tocou sua superfície pela primeira vez. Desde então, já rolou coleta de amostras que serão trazidas à Terra e, agora, a nave tirou mais fotos do objeto espacial, que já fornecem mais pistas sobre sua composição.
Ryugu é pequenino, tem apenas 900 metros de largura, e sua gravidade é 66.500 vezes mais fraca do que a da Terra. Por isso, a nave acaba fazendo "saltos" na superfície, pois, se fosse equipada com rodas, seu movimento para a frente a lançaria de volta para o alto.
De acordo com as imagens, vemos que Ryugu é coberto por dois tipos de rochas: os mais escuros e ásperos com superfícies que lembram uma couve-flor, e os brilhantes e mais suaves. "O interessante é que [as fotos] realmente mostram que Ryugu é o produto de algum tipo de processo violento", disse Ralf Jaumann, do Centro Aeroespacial Alemão, que é o principal autor de um artigo descrevendo as descobertas já publicado na revista Science.
Os cientistas imaginam então que o objeto seja o que sobrou de dois corpos "pais" que se colidiram e depois se reencotraram por conta da atração gravitacional de ambos. Outra possibilidade é que o corpo original tenha sido atingido por um outro, que criou diferentes condições internas de temperatura e pressão, gerando, então, os dois tipos de material.
Muitas das rochas observadas têm pequenos trechos azuis e vermelhos, com material aprisionado na rocha durante sua formação, o que é muito parecido com um tipo de meteorito primordial que é raro aqui na Terra — os condritos carbonáceos. "Este material é primitivo — é o primeiro material da nebulosa solar", ou a nuvem de poeira e gás interestelar que formou os planetas do nosso sistema, conforme explicou Jaumann.
Com as observações mais recentes, temos aqui as primeiras informações sobre o contexto geológico original do asteroide, o que é essencial para entendermos melhor a formação do Sistema Solar. Afinal, "para entender isso, devemos ir para os corpos pequenos, os primitivos, a fim de compreender os primeiros 10 a 100 milhões de anos de formação planetária", disse Jaumann.
Ainda, as imagens apresentam um novo mistério: a ausência de partículas finas, ou poeira interplanetária, que normalmente se acumula nos milhões de anos desde a formação do objeto. Entre as teorias para explicar isso, estão coisas como a ideia de que a poeira poderia ter caído em pequenos orifícios na superfície de Ryugu quando o asteroide foi atingido por outros corpos, ou ainda a ideia de que mudanças de temperatura por lá poderiam resultar em uma força eletrostática que teria expulsado a poeira para o espaço, bem como a ideia de que água poderia ter existido no asteroide, e sua evaporação teria levado as partículas menores para longe.
Fonte: Phys.org