Cientistas estão perto de observar a formação das primeiras estrelas
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper | •

Uma importante atualização nos radiotelescópios do HERA (Hydrogen Epoch of Reionization Array) pode finalmente revelar sinais das primeiras estrelas do universo, formadas após o período conhecido como Era das Trevas.
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O “amanhecer cósmico” é descrito como uma época que começou com a formação das primeiras estrelas, galáxias e quasares, responsáveis pela reionização do universo — o processo que ionizou todo o gás hidrogênio, que era o elemento predominante naqueles tempos.
Estima-se que o início do amanhecer cósmico começou gradualmente entre 250 a 500 milhões de anos após o Big Bang e o processo foi concluído cerca de 1 bilhão de anos após o Big Bang. Só então o cosmos começou a se parecer com o que vemos hoje.
Alguns modelos cósmicos apresentam alguns detalhes sobre esse processo e as características que o universo teria no início do amanhecer, ou seja, quando as primeiras fontes de luz (estrelas e galáxias) começaram a se formar para ionizar o gás hidrogênio.
Contudo, esses modelos ainda não foram comprovados, por isso os pesquisadores e engenheiros trabalham constantemente no desenvolvimento de novos instrumentos cada vez mais sensíveis para detectar alguma pista do universo jovem.
Entre esses instrumentos está o HERA, um conjunto de 350 radiotelescópios, localizado no deserto de Karoo, na África do Sul. Embora ele já fosse muito sensível, ainda não conseguia detectar os primeiros sinais do amanhecer cósmico, mas isso está prestes a mudar.
Uma equipe de cientistas da América do Norte, Europa e África do Sul dobrou a sensibilidade do HERA. “Embora essa detecção permaneça indetectável, os resultados do HERA representam a busca mais precisa até o momento”, disse Adrian Liu, professor da McGill University. Agora, com a atualização, os astrônomos se preparam para coletar os novos dados.
Quando as antenas do HERA estiverem totalmente calibradas e funcionais, a equipe trabalhará para construir um mapa 3D das “bolhas” de hidrogênio ionizado e neutro localizadas a mais de 13 bilhões de anos-luz de distância. Onde elas forem encontradas, lá devem estar as primeiras galáxias.
Se der certo, o mapa pode nos dizer a diferença entre as primeiras estrelas e galáxias e as atuais, que vemos ao nosso redor hoje. O estudo que descreve a atualização do HERA foi publicado no The Astrophysical Journal.
Fonte: McGill University