Chineses querem criar super rota de satélites entre a Terra e a Lua
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |

A China quer construir uma infraestrutura entre a Terra e a Lua, e os cientistas da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST) acabam de revelar como isso vai ser feito. Liderados por Yang Mengfei, projetista-chefe da missão Chang'e-5, os pesquisadores planejam criar uma rede composta por 30 satélites e três estações na superfície lunar, que iriam permitir comunicação em tempo real, navegação e serviços de monitoramento a usuários em todo o mundo.
A ideia é que o sistema permita que 20 ou mais viajantes espaciais se comuniquem simultaneamente com a Terra por meio de fotos, vídeo ou áudio. O sistema também poderia fornecer posicionamento, navegação e controle de tempo relativamente precisos durante viagens entre a Terra e nosso satélite natural.
Para isso, a construção da infraestrutura lunar deve acontecer em três etapas. A primeira delas inclui apoio às missões lunares robóticas e tripuladas da China com a ajuda de dois satélites em órbitas elípticas ao redor da Lua, bem como uma estação de controle no nosso satélite natural.
Sozinhos, estes itens iriam formar um sistema capaz de permitir a comunicação entre o polo sul da Lua e até 10 usuários. Na segunda fase, o sistema seria expandido para incluir 10 satélites orbitando a Terra, a Lua e regiões de estabilidade gravitacional entre nosso planeta e a Lua. Com a expansão, haveria aumento na taxa de transmissão de dados e precisão de navegação.
Na terceira e última etapa, os 30 satélites, estações em solo lunar e instalações de comunicação seriam integrados. “O desenvolvimento da infraestrutura cislunar deve seguir considerar as necessidades para a compatibilidade internacional e colaboração para apoiar as aspirações da China como uma potência espacial, e criar novas indústrias aeroespaciais no país”, escreveram os autores.
Mengfei comentou que “o espaço cislunar se tornou uma nova fronteira para as atividades humanas”, o que destaca a importância da proposta. Em sua fala, ele se referiu ao espaço entre a Terra e a Lua, que é influenciado por ambas. Ali, estão satélites que orbitam a Terra, o espaço ocupado pela órbita lunar e aquele que fica entre ambos.
Assim, não é surpresa dizer que o espaço cislunar vem se tornando cada vez mais relevante — a Força Aérea dos Estados Unidos, por exemplo, está trabalhando e um stélite que pode detectar, monitorar e identificar objetos artificiais a até 437 mil quilômetros, uma distância lunar. Além disso, agências espaciais dos Estados Unidos, Europa e Japão também têm planos para criar uma infraestrutura do tipo, que apoie a exploração científica.
“Embora existam planos nos EUA, na Europa e no Japão, nenhum deles foi implementado ainda. A China tem uma oportunidade única de garantir participação substancial no emergente setor espacial cislunar”, escreveram os autores.
Fonte: SCMP