Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Carne de laboratório será a alimentação dos astronautas que irão a Marte

Por| Editado por Patricia Gnipper | 31 de Março de 2022 às 19h30

Link copiado!

Microgen/Envato Elements
Microgen/Envato Elements

Na década de 2030, os primeiros humanos devem cruzar o espaço e chegar até Marte, em uma missão que deve durar cerca de dois anos. Para se concretizar, muitos desafios ainda devem ser superados, como a questão da alimentação. Especialistas afirmam que deve ser inviável levar toda a comida pronta, o que obrigaria os astronautas a produzirem o próprio alimento. É neste limitado menu que entra a opção de carne cultivada em laboratório.

Para tornar possível a produção de carne cultivada em ambientes de microgravidade, a Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou, nesta quinta-feira (31), que deve apoiar novas pesquisas na área. “A produção convencional de alimentos de origem animal, como a carne, no espaço seria impensável”, adianta Paolo Corradi, engenheiro da ESA, sobre a importância de iniciativas como esta.

Continua após a publicidade

No turbilhão de novas pesquisas que buscam nutrir e cuidar da saúde dos astronautas em longas viagens espaciais, pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, estudam como viabilizar uma plantação de alfaces geneticamente modificados, por exemplo. A ideia é que a verdura funcione como uma espécie de remédio e reduza o impacto da perda óssea, causada pela microgravidade, na tripulação.

Caso as iniciativas sejam bem-sucedidas, as novas tecnologias devem ser também aplicadas na Terra e, muito provavelmente, resultarão em inúmeros benefícios para a população terrena.

Desafio para longas viagens espaciais: a alimentação

"Para missões de exploração humana de longo prazo longe da Terra, precisaríamos transportar uma grande quantidade de alimentos de longa vida útil", afirma o engenheiro Corradi. Por outro lado, há risco de os alimentos serem degradados ou até perdidos, "o que limitaria significativamente o grau de autossustentabilidade e resiliência da missão" até um planeta distante, complementa.

Continua após a publicidade

“Então, se quisermos ter sucesso na exploração humana a longo prazo longe da Terra, precisamos repensar nossa abordagem atual à nutrição dos astronautas e fornecer os meios para produzir alimentos com eficiência a bordo”, reforça Corradi.

Estudos para o cultivo de carne

No momento, os testes para a carne cultivada no espaço estão apenas no início. No radar da inovação, a ESA deve destinar recursos financeiros para os dois seguintes grupos:

  • Parceria entre a empresa alemã Yuri Gravity e a Reutlingen University;
  • Parceria entre as empresas britânicas Kayser Space, Cellular Agriculture e Campden BRI.
Continua após a publicidade

Como será o processo de pesquisa?

De acordo com o engenheiro Corradi, a pesquisa para o desenvolvimento de uma carne cultivada segura e nutritiva deve envolver várias etapas. No primeiro momento, as equipes irão analisar e comparar o valor nutricional e os benefícios potenciais dos produtos cultivados. Isso porque as novas alternativas devem ser tão proteicas e nutritivas quanto as opções disponíveis na Terra.

Após a análise, Corradi explica que os grupos devem estabelecer "um conjunto de requisitos para o cultivo de carne no espaço" e "diretrizes nutricionais para astronautas e futuras missões espaciais humanas". Em seguida, as definições devem ser compartilhadas com um grupo de Medicina Espacial e outros pesquisadores da ESA.

Continua após a publicidade

“Finalmente, as equipes apresentarão um projeto preliminar para um sistema de produção de carne cultivada para aplicações espaciais, avaliando sua viabilidade e analisando seu desempenho”, afirma Paolo. Além disso, devem entregar um estudo sobre o potencial interesse comercial para aplicações terrestres da iniciativa.

No futuro, a carne cultivada pode tornar a carne convencional uma coisa "antiga", mas ainda são necessárias pesquisas e testes para viabilizar a próxima geração de alimentos que será consumida por astronautas e, muito provavelmente, pela população terrena.

Fonte: ESA