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Câmera de 3.200 MP estará em observatório no Chile; veja a 1ª foto que ela tirou

Por| 10 de Setembro de 2020 às 14h00

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LSST/NSF/AURA
LSST/NSF/AURA

Uma equipe formada por cientistas e engenheiros na Califórnia está desenvolvendo uma câmera de altíssima resolução que será utilizada em um observatório terrestre a ser inaugurado em 2022 — e os dois dispositivos estão bem longe de serem comuns: o telescópio em questão é o Vera C. Rubin Observatory, no Chile, capaz de fazer registros abrangentes do céu de uma só vez. Assim, a equipe vem trabalhando em uma câmera que esteja à altura — e tamanho — do telescópio no  SLAC National Accelerator Laboratory.

Como a ideia é que a câmera também seja capaz de capturar grandes áreas do céu, é natural que ela tenha grandes dimensões: “a câmera toda tem quase 4 metros das lentes frontais até a parte de trás, onde teremos todo o equipamento de suporte, e mede quase um metro e meio de diâmetro”, diz Aaron Roodman, cientista encarregado de montar e testar a câmera. Dentro dela, há diversos componentes — e, entre eles, há um plano focal com 189 detectores, capazes de fazer uma foto com resolução de 3.200 megapixels, e equipamentos para resfriar os detectores para a temperatura de -60 ºC, que precisam para funcionar.

Quando a câmera está completamente montada, um conjunto de lentes auxilia no foco da luz emitida por objetos no céu. Entretanto, a equipe queria encontrar uma forma de projetar uma imagem nos detectores no plano focal, mas sem a necessidade de lentes para focar.“Então, criei algo que chamo de 'projetor pinhole'”, diz ele. Basicamente, ele criou uma caixa de metal com luzes em seu interior e um pequeno furo de alfinete e, assim, o que estiver na caixa será projetado nos detectores da câmera. Então, o que estiver na caixa será projetado nos detectores da câmera.

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Confira o funcionamento da câmera no vídeo abaixo:

Na prática, o dispositivo funciona de forma oposta uma câmera estenopeica — ou pinhole —, que utiliza uma câmera com uma pequena abertura onde a luz é captada para o interior dela e, assim, uma imagem invertida é projetada na parede oposta à da abertura. Curiosamente, a projeção da câmera foi testada com um brócolis devido à estrutura fractal do vegetal, que renderia uma foto interessante. A foto provou que os detectores estavam funcionando como deveriam. Quando estiver operando, a câmera e o telescópio Simonyi Survey Telescope poderão identificar objetos 100 milhões de vezes mais escuros do que o olho nu enxerga. Essa sensibilidade equivale a enxergar a chama de uma vela a milhares de quilômetros — o observatório, quando pronto, produzirá imagens com resolução e distância focal tão grandes que uma bola de golfe poderia ser fotografada a 25 quilômetros de distância da lente!

A pandemia também atingiu o desenvolvimento da câmera, que sofrerá algum atraso até ser finalizada. Os testes da câmera devem ser finalizados até o fim de 2021, e Roodman e sua equipe esperam poder terminar o projeto a tempo para levar a câmera ao Chile e realizar a instalação até o final de 2022, para que possa ser utilizada para buscar objetos interessantes no céu.

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Ainda assim, a supercâmera já produziu uma primeira foto — que ficou incrível, por sinal. Para produzi-la, o time por trás do desenvolvimento da câmera focou em objetos próximos da lente, fazendo um teste com um brócolis romanesco, que tem texturas detalhadas em sua superfície que serviram como um ótimo teste de definição para os sensores. 

Essa imagem é apenas a primeira de uma extensa fase de testes que acontece agora, com o objetivo de ajustar o plano focal da câmera, que ainda será integrada aos sistemas do observatório. Isso deve acontecer nos próximos meses.

Fonte: Rubin Observatory, NPR, Space.com