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Buraco negro supermassivo da Via Láctea pode estar "removendo" estrelas ao redor

Por| 04 de Janeiro de 2021 às 16h40

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Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay

Há uma enorme quantidade de estrelas na região a 1,6 ano-luz de distância de Sagitário A* (Sgt A*), o buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea. Entretanto, no início da década de 1990, astrônomos observaram que ali há menos estrelas gigantes vermelhas do que se esperava. Já foram propostas diversas teorias para explicar a ausência delas e, agora, astrofísicos da Polish Academy of Science propõem que a “culpa” seja do buraco negro e jatos poderosos lançados ali, que teriam destruído as camadas mais externas destas estrelas.

Quando uma estrela semelhante ao Sol está chegando ao fim de sua vida, há tanto hélio em seu interior que elas encerram a fusão de hidrogênio em seus núcleos e se expandem, ficando mais frias e, portanto, vermelhas. Assim, em 1990, o astrônomo Kris Skellgren notou que há falta de monóxido de carbono na luz destas estrelas próximas do centro da galáxia, sendo que o gás é comum nas atmosferas superiores delas. Com observações mais detalhadas, os cientistas perceberam que estão faltando cerca de mil delas no centro da galáxia.

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Assim, ao longo dos anos, os astrônomos propuseram novas teorias — sendo que a maioria delas envolve Sagitário A*, o buraco negro supermassivo que tem massa de mais de 4,5 milhões de vezes a massa do Sol. Por ser tão massivo e ter gravidade tão extrema, Sgt A* é capaz de simplesmente rasgar uma estrela azarada que passe perto demais dele. Hoje, ele parece estar “calmo”, mas há não muito tempo foram estudadas duas enormes bolhas de gás que há por lá e suas possíveis origens. Na prática, isso indica que o buraco negro esteve ativo há 4 bilhões de anos. 

Segundo Michal Zajaček, o principal autor do novo estudo, houve ali jatos massivos de radiação que atingiram o entorno do buraco negro. Esses jatos são causados pelo gás e poeira do disco de acreção que envolve o objeto, que tem campos magnéticos intensos e capazes de ejetar partículas tanto para os arredores do buraco negro quanto para cima. “O jato atua preferencialmente nas gigantes vermelhas, que podem ser destruídas”, explica ele. 

Como as gigantes vermelhas se expandem e algumas delas podem alcançar diâmetro centenas de vezes maior do que o do Sol, elas são alvos mais fáceis para estes jatos, conforme seguem em órbita em torno do buraco negro. Então, se uma gigante vermelha azarada for atingida por uma emissão dessas, ela iria se aquecer até se tornar uma estrela azul — e, se este processo se repetir várias vezes, os jatos poderiam muito bem remover estas estrelas próximas do Sgt A*. 

Talvez este seja um dos mecanismos que explique o que está acontecendo por lá, já que o disco pode ter formado estrelas jovens que existem a 1,6 ano-luz do buraco negro, que é justamente a distância da “lacuna” das gigantes vermelhas. Contudo, pode ser necessário considerar mais processos para entendermos completamente a ausência delas — como o gás dos arredores do buraco negro ter rasgado as camadas mais externas da estrela, por exemplo. 

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal.

Fonte: Space.com, ScienceNews