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Buraco negro impede formação de estrelas em sua galáxia

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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NRAO/AUI/NSF, S. Dagnello
NRAO/AUI/NSF, S. Dagnello

Uma equipe internacional liderada por pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, encontrou a primeira grande evidência química de que o buraco negro supermassivo central de uma galáxia pode impedir a formação de novas estrelas, atrapalhando assim a evolução da própria galáxia.

Com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e técnicas avançadas de aprendizagem automática de máquina, os cientistas analisaram a química molecular da galáxia NGC 1068 (M77). Trata-se de uma galáxia localizada a 51,4 milhões de anos-luz da Terra.

O centro da M77 abriga um buraco negro supermassivo alimentando-se de matéria e emitindo dois jatos de partículas e radiação, um a partir de cada polo do objeto. Quando essas características estão presentes, os cientistas o chamam de núcleo galáctico ativo.

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Ao observar dos dados do ALMA, a equipe encontrou um fluxo significativo de gás molecular. Ele parece ter sido gerado pelos jatos do buraco negro, resultado de uma zona de ondas de choque onde o jato interage com o disco galáctico. Esse fenômeno aumenta a temperatura por lá e interfere nas nuvens moleculares.

Para formar novas estrelas, as galáxias dependem dessas nuvens repletas de gases e, por isso, o impacto dos jatos sobre elas pode trazer grandes implicações. No caso da M77 (e talvez de muitas outras galáxias) os jatos e ondas de choque irradiam ultravioleta e raios X intensos capazes de destruir as nuvens.

Em outras palavras, o calor produzido pela alta energia da radiação ao redor do buraco negro está interrompendo o nascimento de novas estrelas. Este mecanismo já foi considerado antes e, agora, é reforçado com as primeiras observações diretas e relativamente difíceis de questionar.

Contudo, essa pode não ser a única contribuição dos buracos negros ativos para suas galáxias — estudos anteriores já mostraram alguns casos em que a interação entre o buraco negro supermassivo em um centro galáctico faz o oposto, ajudando na formação de novas estrelas.

O novo estudo foi publicado na The Astrophysical Journal.

Fonte: Observatório ALMA