Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Bolha estranha surge em nuvem formadora de estrelas

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Fevereiro de 2023 às 21h45

Link copiado!

Adam Block/Observatório Steward/Universidade do Arizona
Adam Block/Observatório Steward/Universidade do Arizona

Uma estrutura em formato de bolha vazia foi descoberta no centro de uma nuvem de gás e poeira, e parece ter surgido graças ao nascimento de um sistema binário de estrelas-bebês. Essa descoberta foi detalhada por uma equipe de cientistas no The Astrophysical Journal.

A Bernard 18 é uma grande nuvem molecular escura, ou seja, uma “fábrica” de estrelas que não emite nem reflete a luz, localizada a mais de 450 anos-luz de distância da Terra. Essa nuvem faz parte de um complexo ainda maior, uma espécie de “coleção” de nuvens moleculares, chamada Taurus (onde, por sinal, já foi encontrada uma bolha ainda mais gigantesca).

Para ver o que há por trás das camadas espessas de gás frio e poeira, os cientistas precisaram usar comprimentos de onda mais longos que a luz visível — como o rádio. Usando dois radiotelescópios, os autores do novo estudo investigaram o que poderia existir no interior da Bernard 18.

Continua após a publicidade

Especificamente, eles buscaram sinais de monóxido de carbono — elemento que pode ser usado para analisar estruturas no interior de uma nuvem de gás — vindos daquela região. Ali, eles encontraram uma estrutura na forma de bolha. Então, a pergunta seria: o que formou essa bolha no meio das nuvens de gás?

A resposta veio com as observações seguintes, durante as quais a equipe investigou vários possíveis progenitores da bolha. Entre os suspeitos, está o objeto Herbig-Haro (uma área onde estrelas estão nascendo) chamado HH 319, descoberto anteriormente.

Nascimento de estrelas

Continua após a publicidade

O HH 319 está localizado mais ou menos no centro da bolha identificada pelos autores do novo estudo, mas isso não é o suficiente para determiná-lo como o responsável pela formação da bolha. É que as estrelas não costumam ficar paradas, então pode ser que o Herbig-Haro tenha se deslocado até o centro da bolha após ela se formar.

Além disso, nenhuma estrela pode ser vista no exato centro da bolha, sugerindo que, de fato, a “autora” desse espaço vazio se deslocou de sua posição original. Como há várias estrelas jovens nas proximidades do centro, da bolha, a tarefa não foi simples.

Por fim, com base nas posições, os pesquisadores traçaram a origem de duas estrelas que foram um sistema binário. Com menos de um milhão de anos, elas são um tipo de estrela conhecido como T Tauri — classificação daquelas que ainda não iniciaram a fusão do hidrogênio em seus núcleos e ainda está acumulando massa.

Fazendo uma bolha em uma nuvem

Continua após a publicidade

Esse sistema binário é, segundo a nova pesquisa, o mais provável daquela região a ter se movido do centro da bolha para sua posição atual. Se os cálculos dos autores estiverem corretos, essas estrelas têm apenas cerca de 70.000 anos e, por meio das atividades complexas envolvidas na formação estelar, esculpiram bolha gigante em Barnard 18.

Durante a formação de uma estrela, um punhado de gás frio e poeira colapsa sob sua própria gravidade em meio a um redemoinho, puxando mais material de seus arredores. A pressão e o calor que surgem desse processo formam, então, o núcleo rico em hidrogênio.

O material ao redor também cumpre outros papéis, nem todos culminando no colapso gravitacional da estrela. Parte dessa matéria, por exemplo, forma um disco de acreção, do qual um jato é emitido dos polos da estrela-bebê.

Continua após a publicidade

Por fim, as protoestrelas (estrelas em estágios iniciais de formação) provocam ventos estelares que esculpem "vazios" na nuvem da qual nascem. Esse parece ter sido o caso da bolha em Bernard 18.

Segundo a equipe, a descoberta mostra que estrelas T Tauri podem causar um impacto significativo no ambiente do espaço interestelar, isto é, entre elas e as estrelas vizinhas.

Fonte: The Astrophysical Journal; via: ScienceAlert