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"Bolha" de vazio pode explicar como estrelas nascem a 700 anos-luz de distância

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Setembro de 2021 às 15h05

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Alyssa Goodman/Harvard-Smithsonian
Alyssa Goodman/Harvard-Smithsonian

Embora o universo seja considerado um "vácuo", as partículas de radiação cósmica parecem onipresentes, mesmo onde a densidade dessas partículas seja ínfima. Contudo, os astrônomos encontraram uma "bolha" de espaço vazio em uma região a cerca de 700 anos-luz da Terra, onde deveria haver nuvens de gás e poeira bem distribuídos.

A área esférica de "vazio" fica entre as constelações de Perseu e Touro e mede mais de 500 anos-luz de diâmetro. Ao redor dela, as nuvens moleculares formadoras de estrelas, conhecidas como Perseus e Taurus, se espalham naturalmente. Esse cenário sugere haver algo na "bolha" — alguma coisa que simplesmente desapareceu.

Os cientistas batizaram a área como Per-Tau Shell, e a hipótese mais provável é a de que uma explosão gigante de supernova ocorreu por lá há milhões de anos. É provável que isso tenha "empurrado" as nuvens Perseus e Taurus, comprimindo-as e desencadeado a formação de novas estrelas a partir delas.

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De fato, há centenas de estrelas se formando em ambas as nuvens, de acordo com o astrofísico teórico Shmuel Bialy. Para ele, uma segunda hipótese também poderia explicar a estranha configuração espacial: uma série de supernovas ocorreu ao longo de milhões de anos e criaram a bolha de vazio.

Essa descoberta veio após um estudo que revelou a forma tridimensional das nuvens Perseus e Taurus. É que os astrônomos, mesmo conhecendo essas estruturas há muito tempo, ainda não tinham uma boa visão da profundidade, isto é, do comprimento das nuvens em relação ao nosso ponto de vista. Com a ajuda do Gaia, observatório espacial que estuda nossa galáxia, eles conseguiram um mapa 3D da região.

Com isso, eles perceberam que as nuvens estão ao redor de uma esfera quase perfeita de vazio, o que é no mínimo curioso. A tendência da natureza é que as partículas se espalhem para preencher todos os espaços — a menos que alguma força poderosa as empurre para uma única direção. Essa força, de acordo com os autores do novo estudo, seria a explosão de supernova.

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Caso a responsável pela bolha tenha sido uma única supernova, trata-se provavelmente de uma explosão estupenda que criou uma onda de choque em todas as direções, empurrando as partículas das nuvens de modo que uma esfera se formasse. Conforme o material é empurrado, as nuvens são comprimidas, acelerando o processo de formação estelar.

Quando uma região mais densa da nuvem se comprime o suficiente para aglutinar as partículas em um objeto sólido, uma estrela começa a se formar, atraindo cada vez mais gás e poeira para si através da gravidade. Após adquirir massa suficiente, o objeto começa a fusão nuclear para gerar energia e radiação.

Se essa hipótese estiver correta, será a primeira vez que os astrônomos têm uma observação direta, e não uma simulação, de como uma supernova organiza o material ao redor para que novas estrelas se formem.

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O artigo sobre a descoberta foi publicado no The Astrophysical Journal Letters e um modelo 3D interativo da bolha está disponível no site da Harvard. Aliás, caso queira tornar a experiência mais divertida, você pode visualizar o modelo em realidade aumentada através de QR Code, como mostra o vídeo abaixo.

Fonte: Science Alert, AAS Nova