Atividade do buraco negro supermassivo da Via Láctea é caótica e irregular
Por Daniele Cavalcante | Editado por Patricia Gnipper | 13 de Janeiro de 2022 às 16h30
Os sinais de radiação emitidos pelo buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea são bastante irregulares, de acordo com um novo estudo. Embora o núcleo galáctico “pisque” todos os dias, os intervalos são caóticos e imprevisíveis.
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No centro da nossa galáxia, habita um buraco negro monstruoso com massa estimada em quatro milhões de vezes a massa do Sol. Embora seja considerado inativo, ou “adormecido”, o Sagitário A* (ou Sgr A*) emite sinais de rádio, raios-X e raios gama todos os dias, além de possuir um pequeno jato.
Acontece que, segundo estudo de uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo estudante de pós-graduação Alexis Andrés, o Sgr A* não apenas brilha irregularmente de dia para dia, mas também a longo prazo.
As rajadas de radiação emitidas nesses “surtos” diários são dez a cem vezes mais brilhantes do que os sinais normais observados no buraco negro. No entanto, a intensidade e os intervalos não são constantes, e os cientistas ainda não sabem por quê.
De acordo com a análise dos dados, o buraco negro mostrou altos níveis de atividade entre 2006 e 2008, com um declínio acentuado nos quatro anos seguintes. Depois de 2012, a frequência de erupções aumentou novamente, frustrando as tentativas dos astrônomos em distinguir um padrão.
Causas das erupções no buraco negro
Os buracos negros em si não emitem radiação, mas sim seus arredores. Quando se alimentam de alguma matéria, como estrelas ou nuvens de gás e poeira, esses objetos iniciam um longo processo de dilacerar sua “refeição” antes que ela caia no horizonte de eventos — o ponto de não retorno dos buracos negros.
À medida que estrela ou nuvem é dilacerada e espaguetificada, começa a girar em torno do buraco negro em alta velocidade, transformando-se em um plasma aquecido. Dependendo da quantidade de matéria, esse processo resulta em um disco de acreção e um jato relativístico.
Ainda não se sabe muito sobre a atividade do Sgr A*, exceto que ele não se alimenta muito. Por isso, o novo estudo pode ajudar os cientistas a determinarem o que exatamente está acontecendo por lá. Para os próximos anos, a equipe espera reunir dados suficientes para descartar possíveis causas da variação nas emissões.
Uma das possibilidades é que o buraco negro esteja se alimentando de nuvens gasosas, mas pode ser que algo mais possa explicar a atividade irregular. O resultado foi fruto da análise de 15 anos de dados, iniciada em 2019, e foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: ScienceDaily, Phys.org