Rajada de rádio misteriosa era só satélite aposentado que acordou de repente
Por Danielle Cassita |

Em 2024, astrônomos detectaram um forte sinal que, à primeira vista, pareceu ser uma nova rajada rápida de rádio (FRB) vinda dos limites da Via Láctea. Após novas análises, eles concluíram que a emissão misteriosa veio simplesmente do Relay 2, um antigo satélite da NASA desativado há décadas.
- Rajadas rápidas de rádio: saiba o que são e o que os cientistas já descobriram
- Astrônomos não conseguem explicar sinal de rádio misterioso vindo do espaço
Inicialmente, os pesquisadores suspeitaram que a emissão talvez tivesse vindo de algum magnetar, nome dado às estrelas de nêutrons altamente magnetizadas. Quando o evento aconteceu, o satélite estava a apenas 4.500 km da Terra; para comparação, a FRB mais próxima conhecida foi emitida a cerca de 30 mil anos-luz.
“Embora ela tenha parecido muito brilhante para nossos telescópios, foi só porque estava muito mais perto do que os sinais astronômicos pelos quais estávamos procurando. Foi difícil conseguir uma imagem dela, ficou toda desfocada. Isso significa que ela estava perto do telescópio, ou seja, nada de objeto astronômico. Droga!”, comentou Clancy W. James, pesquisador que participou da detecção.
O Relay 2 foi lançado em 1964 e está fora de operação desde 1967. Mesmo assim, de alguma forma, a espaçonave emitiu um pulso tão forte que chegou a sobrepor outros sinais cósmicos captados pelo ASKAP. E o mais inusitado: eles ainda não sabem dizer o que aconteceu.
Uma possibilidade envolve uma descarga eleostrática, um acúmulo de eletricidade que resulta em um brilho parecido com uma faísca. Outra é que um micrometeorito pode ter atingido o satélite e criou uma nuvem de plasma carregado, bem quando o ASKAP estava observando a parte do céu [em que o satélite estava]”, sugeriu o pesquisador. Também é possível que o satélite tenha passado por uma nuvem de gás ionizado, e acabou carregado por eletricidade.
“Todos ainda estão surpresos pelo satélite ter gerado um pulso de curta duração assim. Espero que nós ou que algum outro grupo consiga detectar mais [pulsos do tipo] nos próximos anos, e que possamos criar um modelo para descrever como isso acontece”, finalizou Adam Deller, coautor.
Leia também:
35 explosões misteriosas de rádio no espaço intrigam astrônomos
Nova rajada rápida de rádio quebra recordes e intriga astrônomos
Vídeo: Coisas do dia a dia que foram criadas pela exploração espacial
Fonte: Space.com