Astronautas podem usar ar de Marte para produzir combustível de foguetes por lá
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

Uma equipe de engenheiros da University of Cincinnati, dos Estados Unidos, está trabalhando em uma forma de converter os gases do efeito estufa em combustível. Isso poderá nos ajudar a lidar com os efeitos das mudanças climáticas e até aproveitar o dióxido de carbono da atmosfera marciana para produzir combustível, o que permitiria economizar metade do combustível que levado na viagem.
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Junto de seus alunos, Jingjie Wu, professor assistente de Ciências Aplicadas na universidade, utilizou um catalisador de carbono em um reator para converter o dióxido de carbono em metano através de um processo conhecido como Reação de Sabatier. Trata-se do mesmo processo usado na Estação Espacial Internacional (ISS), em que o dióxido de carbono exalado pelos astronautas é usado para produzir combustível que mantém a estação em órbita.
Como a atmosfera de Marte é formada quase totalmente pelo composto, os astronautas poderiam economizar metade do combustível para a viagem de volta, porque poderiam produzir o restante necessário quando chegassem ao planeta. Assim, os gases presentes no Planeta Vermelho funcionariam como um “posto de gasolina” por lá. “Você poderia facilmente bombear o dióxido de carbono para o reator e produzir metano para um foguete”, explicou Wu.
Além disso, a conversão do dióxido de carbono poderá se tornar ainda mais necessária nos próximos anos. Wu começou a estudar esse processo há aproximadamente uma década, notando que os gases do efeito estufa vão se tornar um grande problema para a sociedade. Como o presidente Joe Biden estabeleceu o objetivo de alcançar uma redução de 50% na emissão de gases poluentes, ele acredita que será preciso reciclar o dióxido de carbono. Então, junto de alunos e de Tianyu Zhang, autor líder do estudo, eles começaram a testar diferentes catalisadores que possam aumentar o rendimento do metano.
Os alunos usaram vários catalisadores para produzir não somente metano, mas etileno utilizado na produção de plásticos, borracha, roupas sintéticas e outros itens. Além de ajudar na mitigação das mudanças climáticas, o processo gera combustível como subproduto e está 100 vezes mais eficiente do que era há 10 anos — para Wu, a síntese de combustível a partir do dióxido de carbono fica ainda mais viável economicamente quando combinada com a energia renovável.
Ele acredita que esse excesso de energia desperdiçada atualmente pode ser armazenada em produtos químicos. No futuro, os avanços na produção de combustível a partir do dióxido de carbono o deixam confiante de que humanos vão conseguir ir a Marte. “No momento, se você quiser voltar de lá, precisará trazer o dobro de combustível, que fica muito pesado”, explicou. “Futuramente, você precisará de outros combustíveis; assim, podemos produzir metanol a partir do dióxido de carbono e usá-lo para produzir outros materiais e, talvez, um dia possamos viver em Marte”.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications.
Fonte: University of Cincinnati