Após trazer amostras da Lua, Chang'e 5 começa a estudar o Sol
Por Daniele Cavalcante | Editado por Patricia Gnipper | 22 de Março de 2021 às 18h20
O orbitador da missão Chang'e 5 já está posicionado no Ponto de Lagrange 1 (L1), uma área específica gravitacionalmente estável entre a Terra e o Sol. O objetivo é usar a nave — que realizou com sucesso sua missão principal de trazer amostras da Lua ao nosso planeta — para estudar a estrela do Sistema Solar sem precisar deixar a órbita terrestre.
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Pontos de Lagrange são posições especiais de um sistema orbital entre dois corpos massivos, que no caso são a Terra e o Sol. As forças gravitacionais das massas desses objetos cancelam a aceleração centrípeta, o que é muito útil para os satélites, por exemplo. Isso porque se um corpo pequeno está sob a influência gravitacional de dois corpos grandes, a tendência é que ele permaneça em repouso em relação a eles.
No total, são cinco pontos no sistema Sol-Terra, cada um determinando onde ocorre uma intersecção gravitacional que corresponde à força centrípeta necessária para que um objeto pequeno possa se mover “em repouso”. Como resultado, as agências e empresas espaciais conseguem reduzir o consumo de combustível de suas naves e satélites. No caso do L1, a velocidade angular dele será igual à do planeta, ou seja, ambos orbitarão juntos ao redor do Sol.
De acordo com a China Aerospace Science and Technology Corp. (CASC), fabricante do orbitador, a Chang'e-5 entrou no ponto L1 na manhã do dia 15 de março. A nave realizará uma série de testes e observações do Sol enquanto estiver por ali, mas pode ser que o tempo em órbita solar não seja muito longo. É que o Centro de Controle Aeroespacial de Pequim considera a possibilidade de novas missões estendidas para a nave. De qualquer forma, a China alcançou uma nova conquista, já que a Chang'e-5 é a primeira nave do país a se mover no lado interno da órbita terrestre.
Enquanto estiver na posição L1, o orbitador poderá fazer suas observações com o mínimo de manutenção da equipe de controle da missão, salvo pequenas correções de órbita para manter a estabilidade da nave. Uma das vantagens dessa posição é que a Chang’e-5 estará sempre “de frente” para o Sol, que é atualmente seu objeto de estudo. As próximas missões do orbitador podem incluir uma visita ao ponto L4 ou L5, que são bem mais estáveis do que os demais pontos de Lagrange.
Nos pontos L4 ou L5, a Chang’e-5 poderia procurar por asteroides troianos da Terra, por exemplo. Trata-se de corpos menores do Sistema Solar que orbitam o Sol nesses pontos, portanto, em órbita semelhante à da Terra. No geral, os pesquisadores tendem a procurar asteroides em outras regiões, então é uma boa oportunidade para conhecer um pouco melhor esses objetos vizinhos.
Fonte: SpaceNews