Após alerta, SpaceX afirma que não houve risco de colisão com satélite da OneWeb
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

No final de março, o 18º Esquadrão de Controle Espacial da Força Espacial dos EUA recebeu um alerta de uma possibilidade de colisão entre satélites da OneWeb e Starlink. As espaçonaves tinham 1,3% de chance de colidir e passaram a quase 60 m de distância uma da outra. Contudo, o problema não se encerrou ali e a SpaceX alega agora que, na verdade, os satélites não estavam tão próximos assim e que não houve risco de impacto. No fim, o impasse rendeu uma reunião com a Federal Communications Commission (FCC), a agência reguladora de telecomunicações nos Estados Unidos.
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Tanto a SpaceX quanto a OneWeb estão desenvolvendo megaconstelações de satélites que vão fornecer internet para todo o mundo. A empresa de Elon Musk já lançou mais de 1.400 satélites, enquanto a OneWeb lançou 182 unidades — isso sem mencionar os de outras empresas que também trabalham com este serviço. Assim, a preocupação com a chance de colisão, mesmo que remota, não era sem fundamentos: se realmente tivesse acontecido, ela poderia resultar no espalhamento de detritos perigosos em órbita seguida de um “efeito dominó”, causado por colisões com outros objetos.
Apesar de os satélites terem passado um pelo outro sem aproximar mais do que deveriam, a questão não se encerrou. Mesmo sem a colisão ter acontecido, as duas empresas acabaram se reunindo com a Federal Communications Commission (FCC). Após a discussão, a SpaceX e OneWeb não chegaram a um acordo completo em suas colocações.
David Goldman, diretor de Política de Satélites na SpaceX, assinou uma carta destinada a Marlene H. Dortch, diretora interina da Divisão de Oportunidades de Negócio e Comunicações na FCC, em que declarava que “apesar de relatórios recentes indicarem o contrário, as partes deixaram claro que não houve nenhuma ‘quase colisão’ ou ‘passagem próxima”. Além disso, no documento a SpaceX afirmava que os oficiais da OneWeb “optaram por expor pública e erroneamente as circunstâncias da coordenação”, e que agora ofereciam uma retratação para corrigir o que foi colocado.
Ainda no documento, a SpaceX “expressava sua decepção com a Comissão que os oficiais da OneWeb escolheram para publicar erroneamente as circunstâncias da coordenação”, e finalizou o documento agradecendo a proposta da outra empresa para se retratar após as colocações. O próximo problema é que isso não aconteceu: como resposta à carta protocolada, a OneWeb ressalta que não fez nenhuma oferta para se retratar sobre declarações feitas à imprensa.
Além disso, a empresa afirmou que “notou, durante a reunião, que às vezes a cobertura de imprensa pode ser equivocada em alguns aspectos — algo observado pela própria SpaceX ao solicitar a reunião com o FCC, em primeiro lugar”, e mantiveram o ocorrido conforme foi reportado. O documento da SpaceX afirmava que a probabilidade de colisão não havia sido tão alta a ponto de não poder ser corrigida com uma manobra, tanto que ambas as empresas tinham planejado manobrar suas espaçonaves para reduzir as chances de impacto.
Eles ressaltam que a colisão não teria acontecido mesmo sem manobra alguma sendo feita. A SpaceX encerrou a carta afirmando que as declarações públicas da OneWeb coincidem com o esforço que a empresa vem fazendo para evitar que a SpaceX para aplicar uma atualização de segurança em seu sistema, e levantou o nome da operadora Viasat, sugerindo que problemas de comunicação entre as empresas estão ameaçando a segurança geral no espaço.
Essa não é a primeira vez que surge controvérsia envolvendo um possível encontro perigoso entre um satélite Starlink e outra espaçonave: em 2019, por exemplo, a Agência Espacial Europeia precisou mover o satélite Aeolus para evitar que um Starlink passasse perigosamente perto dele. Na ocasião, a agência espacial se queixou da coordenação com a SpaceX, mas afirmam que a cooperação com a empresa está melhor atualmente.