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Apesar de frios, estes cometas têm vapor de ferro e níquel em suas atmosferas

Por| Editado por Patricia Gnipper | 19 de Maio de 2021 às 12h00

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ESO/L. Calçada/SPECULOOS Team/E. Jehin/Manfroid
ESO/L. Calçada/SPECULOOS Team/E. Jehin/Manfroid

Duas pesquisas diferentes, sem relação entre si, embora ambas tenham utilizado os dados do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), descobriram algo inesperado: a presença de ferro e níquel nas atmosferas dos cometas do Sistema Solar e do cometa interestelar 2l/Borisov. Os cientistas já sabiam que há metais pesados nos núcleos cometários, mas ninguém esperava encontrá-los nas atmosferas.

O primeiro estudo foi realizado por uma equipe belga, que usa o VLT para estudar os cometas há 20 anos. Eles encontraram os metais na forma de vapor em cometas observados a mais de 480 milhões de km de distância do Sol (equivalente a três vezes a distância entre a Terra e o Sol), o que é muito estranho, porque metais não evaporam nas temperaturas de distâncias como essas.

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Além disso, a equipe notou que as quantidades de níquel e ferro eram aproximadamente as mesmas, o que também é peculiar, pois objetos do Sistema Solar, como meteoritos, por exemplo, contém normalmente dez vezes mais ferro do que níquel, aproximadamente. Apesar de estudar os cometas há quase 20 anos, a equipe não havia detectado ainda níquel e ferro nas atmosferas. “Esta descoberta nos escapou durante muitos anos”, disse o co-autor da pesquisa, Emmanuel Jehin.

Um dos motivos para que os elementos pesados tenham passado desapercebidos durante todo esse tempo é a baixa em quantidade desses metais. A equipe estima que para cada 100 kg de água nas atmosferas dos cometas, exista apenas 1 g de ferro, e aproximadamente a mesma quantidade de níquel. Os elementos podem ser resultado de “um tipo especial de material existente na superfície do núcleo do cometa, que sublima a temperaturas bastante baixas e liberta ferro e níquel nas mesmas proporções”, disse o coautor Damien Hutsemékers.

Essa descoberta pode ser uma peça importante para que os astrônomos conheçam mais sobre a história do Sistema Solar, já que “os cometas se formaram há cerca de 4,6 bilhões de anos num Sistema Solar muito jovem, não tendo sofrido alterações desde essa época”, de acordo com. “Nesse sentido, são como fósseis para os astrônomos”. Contudo, a equipe ainda está estudando o que esse resultado significa.

Níquel encontrado no 2l/Borisov

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Já o segundo estudo, publicado na revista Nature, mostra que elementos pesados também estão na parte externa do cometa interestelar 2I/Borisov, que foi descoberto enquanto passava pelo Sistema Solar em 2019. Os responsáveis pela descoberta foram pesquisadores da Polônia, que encontraram níquel gasoso na atmosfera do cometa.

Essa detecção foi uma surpresa para a equipe. “Inicialmente, não queríamos acreditar na presença de níquel atômico no 2I/Borisov, tão longe do Sol!”, disse Piotr Guzik da Universidade de Jagiellonian, na Polônia, um dos autores do estudo. “Tivemos que realizar numerosos testes e muitas verificações para finalmente nos convencermos de que era isso”. O 2l/Borisov veio do meio interestelar, onde é bastante frio, por isso não se espera encontrar vapor de elementos pesados

Metais pesados na forma de vapor são mais comuns em atmosferas de exoplanetas ultraquentes e em cometas que passam muito perto do Sol, mas este não foi o caso do 2I/Borisov. Quando foi observado, ele estava a cerca de duas vezes a distância Terra-Sol. Além disso, um estudo recente aponta que este cometa provavelmente não passou perto de nenhuma outra estrela, mesmo antes de entrar no Sistema Solar.

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A descoberta da equipe polonesa poderá ser útil no estudo de sistemas estelares que não o nosso. Mais que isso, o mais interessante em ambos os estudos é, provavelmente, o fato de que tanto os cometas do Sistema Solar, quanto o interestelar 2l/Borisov, são bem parecidos entre si.

Fonte: ESO