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Anéis de Saturno são jovens e surgiram há menos de 100 milhões de anos

Por| 18 de Janeiro de 2019 às 10h30

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NASA/JPL-Caltech/SSI
NASA/JPL-Caltech/SSI
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Cem milhões de anos podem parecer uma eternidade do ponto de vista humano, mas sob a perspectiva do cosmos isso é apenas um piscar de olhos. E, por isso, podemos dizer que os anéis de Saturno são jovens, já que, de acordo com um novo estudo analisando dados da missão Cassini, da NASA, cientistas estimaram que os anéis do planeta gasoso se formaram há menos de 100 milhões de anos — talvez apenas 10 milhões de anos atrás.

Medições feitas pela sonda em seus instantes finais de "vida", quando a Cassini mergulhou na atmosfera de hidrogênio e hélio de Saturno, forneceram dados sobre a quantidade de material nos anéis do planeta, com os cientistas pesando os anéis com base na força de sua atração gravitacional. Nessa reta final da missão, foram feitos 22 mergulhos entre Saturno e seis anéis, com o objetivo de medir o campo gravitacional do gigante gasoso. Então, radiotelescópios aqui na Terra mediram a velocidade da espaçonave em uma fração de milímetro por segundo, e o novo valor da massa dos anéis permitiu que os pesquisadores determinassem sua idade. Os resultados, então, indicaram que os anéis são relativamente jovens.

Os cientistas entenderam que os menores pontos de massa estão relacionados a uma idade mais jovem, porque os anéis são inicialmente feitos de gelo e são brilhantes, mas com o tempo ficam "contaminados" e se escurecem pela ação de detritos planetários, o que também aumenta a massa nesses pontos. Sendo assim, ao ter em mãos o valor da massa dos anéis, foi possível determinar sua idade.

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"Na primeira vez em que olhei para os dados, não acreditei, porque confiei em nossos modelos e demorou um pouco para perceber que houve algum efeito que mudou o campo de gravidade que não tínhamos considerado", disse Burkhard Militzer, professor de ciências planetárias na Universidade da Califórnia. Ele se refere a previsões que modelos até então atuais do planeta e seus anéis forneciam, sem considerar os ventos profundos que acontecem na atmosfera de Saturno — coisa que foi descoberta com a Cassini. Somente quando a equipe adicionou os ventos aos modelos as medições fizeram sentido, o que, enfim, permitiu o cálculo da massa e da idade dos anéis.

Militzer e sua equipe também calculou que as nuvens da superfície equatorial de Saturno giram 4% mais rapidamente do que a camada mais profunda, que leva 9 minutos a mais para girar do que as nuvens do equador. Essas nuvens circundam o planeta uma vez a cada 10 horas e 33 minutos. E "a descoberta de camadas profundamente rotativas é uma revelação surpreendente sobre a estrutura interna de Saturno", nas palavras de Linda Spilker, cientista da missão Cassini na NASA. Ainda, Militzer também calculou que o núcleo rochoso de Saturno deve ter entre 15 e 18 vezes a massa da Terra, o que bate com as estimativas anteriores.

Anéis de Saturno desaparecerão em 300 milhões de anos

Aproveitando que agora sabemos um pouco mais sobre a idade dos anéis de Saturno, vale lembrar que outro estudo, divulgado em dezembro do ano passado, também considerando dados da Cassini, descobriu que os anéis do planeta desaparecerão em 300 milhões de anos, com sua aparência já sendo bastante diminuta dentro de 100 milhões de anos.

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É que os anéis "chovem" em Saturno, já que são puxados pela gravidade do planeta. De acordo com James O'Donoghue, cientista da NASA, "estimamos que esta 'chuva' drene uma quantidade de água que poderia encher uma piscina olímpica a cada meia hora". A pesquisa já antecipava que Saturno havia ganhado seus belos anéis muito depois de sua formação, o que é confirmado agora com a nova análise. O planeta tem 4,5 bilhões de anos, enquanto os anéis surgiram há menos de 100 milhões de anos. E, na visão de O'Donoghue, "temos sorte de estar por perto para ver os anéis de Saturno, que parecem estar no meio de sua vida. No entanto, se anéis são temporários, talvez tenhamos perdido os sistemas de anéis gigantes ao redor de Júpiter, Urano e Netuno".

Os anéis devem ter se formado a partir da colisão de luas congeladas na órbita do planeta, além de eventuais choques contra asteroides e cometas. Esses choques despejam milhares de pedaços ao espaço, com essses pedaços sendo atraídos pela força gravitacional de Saturno. Muitos deles se chocaram contra o planeta, enquanto tantos outros acabaram gerando os anéis, que são formados em sua maior parte por pedaços de gelo com tamanhos variados — desde grãos de poeira microscópicos até pedregulhos com vários metros de diâmetro.

Fonte: Phys.org