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Água com CO2 é encontrada em meteorito que data do início do Sistema Solar

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Peter Jenniskens/NASA Ames
Peter Jenniskens/NASA Ames

Ao longo dos últimos anos, estudos vêm revelando o papel crucial que a água desempenhou na evolução e formação inicial do Sistema Solar e, hoje, já sabemos o quanto ela é abundante — existe até mesmo vapor d'água na atmosfera de Vênus. Para entender melhor essa história, cientistas planetários procuraram evidências de água líquida em meteoritos que tenham se formado bem no início do Sistema Solar.

Pesquisas anteriores já revelaram a presença de água em meteoritos predominantemente feitos de minerais hídricos — basicamente sólidos com alguma água incorporada. O principal pesquisador do artigo publicado na revista Science Advances, Akira Tsuchiyama, também professor da Ritsumeikan University, explica que “os cientistas também esperam que a água líquida permaneça como inclusões fluidas em minerais que precipitaram no fluido aquoso”, ou seja, minerais que tenham se formado com elementos dissolvidos na água presente.

A pesquisa relata descobertas dessas inclusões de água líquida dentro de cristais em um tipo de meteorito muito comum aqui na Terra: o condrito comum — a maior parte dos meteoritos encontrados aqui no planeta são dessa classe. Os pesquisadores queriam saber se a água estaria também presente em forma de carbonato de cálcio, conhecido como calcita, em meteoritos da classe dos condritos carbonáceos. Para isso, examinaram amostras do meteorito Sutter’s Mill, originado de um asteroide que se formou há cerca de 4,6 bilhões de anos.

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Através de técnicas avançadas de microscopia, a equipe examinou o meteorito e encontraram um cristal de calcita com fluido aquoso, percebido apenas em nanoescala, com pelo menos 15% de dióxido de carbono. Esta descoberta confirma que cristais deste tipo podem conter não apenas água líquida, mas também o CO2. Os pesquisadores indicam que, para isso, o asteroide teria se formado em uma região do Sistema Solar que fosse fria o suficiente para congelar estes dois elementos — provavelmente em uma órbita além de Júpiter —, posteriormente transportado para regiões mais internas, de modo que seus fragmentos chegassem à Terra.

Os estudos teóricos mais recentes que explicam a evolução do Sistema Solar indicam que asteroides ricos em moléculas “pequenas e voláteis”, como a água e o CO2, se formaram para além de Júpiter — aliás, a causa mais provável para o deslocamento destes grandes corpos para regiões mais interiores seria a influência gravitacional do próprio gigante gasoso.

Descobertas como esta são de extrema importância para a ciência planetária, capazes de fornecer peças para contar a história da formação não apenas do Sistema Solar, mas também de como a água chegou ao planeta Terra. "Esta conquista mostra que nossa equipe conseguiu detectar um minúsculo fluido preso em um mineral há 4,6 bilhões de anos", acrescentou o professor Tsuchiyama.

O artigo com mais informações sobre as análises e pesquisas pode ser acessado integralmente aqui.

Fonte: Space Daily