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Agência espacial europeia celebra 100ª detecção de impactos de asteroides na Lua

Por| 16 de Abril de 2020 às 20h30

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Andrew McCarthy
Andrew McCarthy

O projeto NELIOTA, da Agência Espacial Europeia (ESA), registrou recentemente sua 100ª detecção de impactos produzidos por asteroides na Lua. Melhor ainda, pela primeira vez um impacto lunar detectado por este telescópio foi confirmado por outro observatório.

Operando desde março de 2017, o NELIOTA tem a missão de procurar “flashes” a Lua. É que, quando um asteroide se choca contra a superfície lunar, ele produz um rápido brilho por lá, que às vezes pode ser visto por nós, daqui da Terra, com a ajuda de equipamentos específicos. Isso é útil para estimar quantos asteroides estão aqui nas redondezas.

Detritos espaciais como fragmentos de cometas e pequenos asteroides vêm para a Terra com bastante frequência. A maioria deles queima durante sua entrada na nossa atmosfera, mas alguns são maiores e apresentam certo grau de perigo - e sua quantidade não é exatamente conhecida. Os menores também são difíceis de estimar por serem muito pequenos para serem detectados diretamente com telescópios, e imprevisíveis para serem flagrados antes de caírem.

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Então, para se ter uma ideia da população de rochas caindo por aqui e se estimar a potencial ameaça à Terra antes do impacto, podemos olhar para a Lua. A atmosfera por lá é insignificante, então mesmo asteroides minúsculos deixam suas marcas na superfície - e podemos ver isso nitidamente apenas olhando para as crateras do satélite natural.

Quando objetos atingem a superfície lunar em alta velocidade, o choque gera um flash de luz que, se for brilhante o suficiente, pode ser detectados por telescópios como o do projeto NELIOTA. Os cientistas então usam o brilho desses flashes para estimar o tamanho e a massa do objeto causador da colisão, e calcular quantas vezes objetos semelhantes estão vindo para a Terra.

Para facilitar ainda mais a detecção, o NELIOTA procura pelos flashes nas partes escuras da lua, não iluminadas pelo Sol (ou seja, quando a Lua está em suas fases crescente e minguante - não confundir com o lado afastado da Lua, que é o hemisfério lunar que nunca podemos ver daqui da Terra). O telescópio desse projeto utiliza um sistema de duas câmeras que divide a luz do flash lunar em duas cores. Isso ajuda os cientistas a estimarem outra característica importante de um impacto: sua temperatura.

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Desde o início do projeto, ele realizou um total de 149 horas de monitoramento lunar e detectou 102 flashes lunares. A centésima detecção foi um marco para a ESA, e também foi a primeira vez que uma de suas detecções foi confirmada por outro observatório, o Sharjah Lunar Impact Observatory (SLIO), dos Emirados Árabes Unidos. 

De acordo com Detlef Koschny, co-gerente do Gabinete de Defesa Planetária do programa de Segurança Espacial da ESA, a confirmação por outro observatório é muito importante porque “descarta a possibilidade de um satélite lento e brilhante ser identificado erroneamente como um flash de impacto”. Ele explica que o NELIOTA tem “outros meios menos diretos” de descartar essas possibilidades de erro, mas a equipe ficou animada por saber que há outros observatórios ajudando na missão.

Fonte: ESA