A missão milionária cujo objetivo é ser destruída em nome da ciência
Por Júlia Putini • Editado por Luciana Zaramela |
A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) está preparando uma missão que terá como resultado a destruição. O objetivo? Analisar o que acontece com um satélite enquanto ele está caindo na Terra. A missão é chamada de DRACO, que significa, em tradução livre, Objeto para Avaliação de Reentrada Destrutiva (Destructive Reentry Assessment Container Object).
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Durante os 70 anos de exploração do espaço, cerca de 10.000 satélites intactos e corpos de foguetes reentraram na atmosfera, segundo a ESA. No entanto, pouco se sabe sobre os instantes finais desses objetos. Para encerrar o mistério, uma cápsula especialmente projetada para sobreviver à destruição transmitirá informações sobre o evento.
O contrato para o desenvolvimento já foi assinado pela ESA junto a Deimos (grupo europeu que desenvolve tecnologia para o espaço), no valor de € 3 milhões (cerca de R$ 18 milhões) e o seu lançamento está previsto para 2027.
O satélite pesará cerca de 200 kg e terá o tamanho de uma máquina de lavar. Ele não terá um sistema de propulsão nem sistemas de navegação e comunicação conectados, pois será controlado remotamente.
Após ser lançado por um foguete, ele atingirá uma altitude de no máximo 1000 km e fará um voo de no máximo 12 horas. Ao fim, reentrará sobre uma área oceânica desabitada, com seus 200 sensores e quatro câmeras registrando o fim e armazenando os dado.
A importância da destruição
Após o fim de cada missão é necessário remover o satélite lançado, evitando a produção de lixo espacial e mantendo a órbita da Terra limpa. Para isso, eles podem ser construídos para reentradas controladas ou "projetados para a morte", se desintegrando completamente, como será o caso da missão DRACO.
À medida que o número de lançamentos e reentradas aumenta, é preciso estudar o impacto ambiental, entendendo mais e melhor sobre como as partes e partículas dos materiais da espaçonave se desgastam e se desprendem na atmosfera superior. Os dados gerados pela cápsula servirão para orientar o desenvolvimento de tecnologias melhores e mais sustentáveis.
Como será o DRACO
Stijn Lemmens, gerente do projeto, afirmou ao site da ESA que a cápsula foi equipada com sensores e câmeras que devem ser resistentes o suficiente para coletar dados pelo maior tempo possível enquanto o satélite ao redor queima. Segundo ele, o sistema com cápsula super resistente funciona da seguinte forma:
“Sua cápsula indestrutível, por outro lado, deve ser capaz de suportar as forças da reentrada, bem como proteger o sistema computacional durante todo o processo da violenta destruição enquanto ainda estiver conectado aos sensores, com o cabeamento se espalhando como um polvo”.
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